"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Tranquilidade.



Tem épocas que não consigo simplesmente PARAR. Às vezes não posso, há muito pra se fazer, às vezes não consigo mesmo. Meu pensamento vai a mil por hora, milhares de coisas passam pela minha cabeça pedindo para serem feitas. Estou exausta fisica e mentalmente.

Nesse mundo globalizado em que vivemos "não parar" parece ser uma característica muito agradável e requisitada. As organizações, a vida!, desejam de você cada vez mais feitos, às vezes simples, mas se pararmos pra pensar, tornam-se até extraordinários diante de tanta coisa que é pedida e cumprida (às vezes meio torta, pela metade, mediocremente, mas feita). Quem não consegue "parar", quando encontra algum tempo ocioso precisa preencher, e pior: se tem tempo ocioso, acha que aproveitá-lo dessa maneira, ociosamente, não é ganho, é perda.

Eu tenho tido muitas dificuldades de dar uma pausa, e cada dia que passa eu percebo que mais preciso dela. Eu desejo essa essa pausa, eu quero "parar", mas ao mesmo tempo que quero, não quero, não consigo. É aquilo de achar que não está se fazendo o suficiente, que se está reclamando por pouca coisa.

Nem nos damos conta de como agir dessa maneira começa, aos poucos, a valer para todos os pontos de nossa vida. O que antes era um modo de agir somente no trabalho ou na faculdade (onde procura se fazer tudo, não deixar nada pra depois, lidar com prazos de chefes e professores que não estão nem aí se você está ocupado ou cansado) agora começa a fazer parte de tudo o que você faz, em todos os momentos. Existem mais demandas do que mãos e mentes. Até a dinâmica familiar perde aquele quê de "aqui posso descansar!"... Que nada! Você chega em casa com aquele pensamento: "tenho que dar atenção pra esse povo, porque amanhã tenho isso, isso e mais isso pra fazer!". Vira uma obrigação.

Hoje lembrei de Eagles e lá fui eu baixar discografia, ouvir todos os álbuns, ler as letras das músicas... As coisas mais pequenas me dão trabalho. Li um texto interessante, lá vou eu buscar todos os outros textos desse mesmo autor, descubro livros, tenho que marcá-los no Skoob para não esquecer de que um dia terei que lê-los! Descobri uma nova ilustradora, como não desenho, gosto de ver trabalhos de gente que desenha bem, lá estou eu vasculhando o site dela, saio indicando tudo pra todo mundo, encontro amigos com quem comentar, pronto, conversas! Tem um evento pra semana que vem, estarei lá, não sei como, pois precisarei estar na faculdade também, mas estarei nos dois lugares, vou dar meu jeito. Uma pessoa amiga me conta algo que necessita de minha atenção, preciso estar perto, um velho amigo reaparece, preciso estar perto também. E o coração? Ah, o coração é o que menos se acalma. Se empolga com qualquer bobagem, quer ficar fazendo alterações a todo momento, não tem paciência...

Tenho mais de 20 ícones de links de blogs na minha barra de favoritos, não consigo acordar e não sequer ler pelo menos um texto de cada blog. Só não leio quando nenhum me interessa mesmo ou não tem nada novo. E aquela pressão de se começar um texto e TER que terminar de lê-lo. Minha consciência não é minha aliada. Ela me diz: "Não tô nem aí se você tem outra coisa pra fazer, você começou a ler agora precisa terminar." -Mas ele nem é importante, posso ler depois! - argumento, ela não quer nem saber. Eu me forço a terminar o texto, eu me forço a terminar de ouvir a música ou de assistir o vídeo. Eu me forço. Era pra ser divertido, mas eu me forço. E quando termino, aquela sensação prazerosa de: li mais um bom texto! Mas até que ponto é bom? E quando não tenho nada pra ler? Fico em desespero. Tenho boas velhas amizades e ultimamente tenho feito novos amigos também, trocamos artigos de qualquer coisa, isso me acalma, preenche esse tempo que eu deveria estar... Dormindo? É, quase não durmo mais. Durmo muito tarde, acordo tarde... É um horror. A primeira mudança que sei que tenho que fazer começa bem aí.

O fato é que, sem percebermos, vamos criando rotinas que deveriam ser agradáveis e nos dar bons frutos, mas que acabam nos prendendo e nos sobrecarregando. É preciso parar. É preciso dar uma pausa nos pensamentos, dar uma folga pro sentimento. Mas como? Se há tanto para fazer? Se há tanto pra viver!?

A vida anda uma bagunça só. A minha pelo menos sim. Eu quero agarrar o mundo com as mãos, quero conhecer tudo, quero ler tudo, quero entender tudo... 

É necessário que todos nós, em algum momento da vida, possamos vivenciar o ócio, criativo e contemplativo, se quiser chamar assim; possamos viver esse tempo, mesmo que curto, de não ter com o que preocupar-se, de não ter o que ler, o que ouvir e não dormir! Ficar acordado assim, sem nada. Pra esvaziar mesmo. Quase meditação. É quase isso que sei que estou precisando. Mas adivinhem: eu sei que preciso, eu sei que será bom, mas eu não quero.

Como disse a Karina Lima no falecido "Mulherices":
"Tenho que tomar um porre pra esquecer metade das coisas anotadas na minha mente burocrata.  É urgente.   :-)"

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