"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Peças quebradas não montam quebra-cabeças.


Não se trata de simplesmente querer ficar só (saber que precisa) ou deixar de fazer certas coisas por uma certa pressão religiosa, querer obedecer os "padrões" impostos ou qualquer coisa assim. Cada vez mais eu respeito esse padrão, porque quando eu desobedeci me tornei o que estou agora. E é difícil conviver com seus monstros e lembranças, culpa, medo, angústia, vergonha e desejos. Não se trata de eu ter sido vítima algum dia, de alguém ter chegado e destruído alguma coisa, roubado um pouco do que eu era, pode acreditar, nunca fui santa. Não se trata de eu ser mulher e ter sido abusada de alguma forma, não se trata de não terem me instruído, não se trata de nada disso. O lance é o seguinte: não importa o que fizeram, importa o que eu quero que façam. Importa que vira um vício.


E aí, que vale saber se alguns disso se aproveitam? Se alguns acham um charme a mais? Um perigo que chama a atenção, uma pessoa disponível? Um defeito sensual, uma ferida bonita e aberta? Não importa nada disso. No fim, percebo que não consigo segurar nas minhas mãos e nos meus abraços delicadeza, educação, romantismo, amabilidade, proteção, liderança, nada disso, eu só falto é implorar para que usem e com igual beleza, se despeçam, me poupando do trabalho. Não consigo mais receber, não consigo pensar na possibilidade de que pode acontecer, não consigo. Depois que você entra num círculo de relações onde é permitido este tipo de consumo, usar e ser usado pelo outro, consentido, as coisas começam a ficar cada vez mais vazias. Tanto passar uma noite realizando tudo o que for mais sórdido como ter um romance dos mais lindos... Tudo fica sem graça. Tudo fica vazio.

Porque a gente precipita as coisas, porque a gente quer gritar pro mundo que esse padrão não está certo, que o melhor a se fazer é sim ceder aos seus desejos, é sim não se importar se o outro se importa ou não. Vou te dizer como estou: vazia, despedaçada. Assistindo milhares de romances, lendo romances, pra ver se alguma coisa me toca! Pra ver se me dói algum pedaço. Vou te dizer como estou: com raiva de mim. Do que fiz. Do que quero fazer. Da frieza, do calculismo, dos jogos que desgastam, da passiva-agressividade que supõem ser um charme, de poesias, de planos. Não se trata de pensar que a pessoa certa não chegou. Se trata de eu não ser/estar pessoa certa pra ninguém. Porque dentro de mim o desejo mais forte, para além de alimentar a carne, é fazer o outro um outrinho pequeninho, alguém que não vai mexer comigo mais. É não me permitir que gostem de mim, e ser um descarte (eu ser um descarte, não sei que masoquismo é esse, mas funciona assim) ao mesmo tempo que continuar sendo uma possibilidade.

É pior do que alimentar qualquer coisa. Para além de alimentar qualquer coisa, é ver o outro tornar-se uma coisa apenas. Vai muito além de consumar e consumir. Vai muito além de tentar encontrar alguém, encontrar e magoar. De alguns você começa a desconfiar e isso é normal, porque algumas coisas são sempre iguais, mas de outros você começa a se desconfiar, duvidar de si, vem a vontade de fugir, de ficar e o medo da merda que você pode fazer. É que, no fundo, eu tenho certeza de que eu estou uma peça quebrada. Estou, não sou, quero crer nisso. De que vale uma peça quebrada num quebra-cabeça? Não encaixa. Em algum momento eu não encaixo. Eu tenho medo de encaixar, eu tenho raiva se encaixar, eu tenho vontade de quebrar outras peças. Alguns consideram o caminho que trilhei como um caminho de descobertas, libertação, bóra desconstruir esses paradigmas, vamos curtir a vida, viva as experiências... Sério: não caiam nessa cilada. É esse tipo de coisa que está tornando a gente sem graça, sem virtudes, pessoas frias e chatas, desiludidas e desgraçadas. Não foi pra isso que formos criados.

Não é porque eu sou mulher nem porque os outros são homens, é simplesmente porque a gente peca mesmo, a gente usa mesmo, a gente se precipita mesmo, a gente não reflete MESMO, a gente se deixa levar mesmo, a gente se apaixona mesmo, a gente erra mesmo, a gente trai mesmo, a gente tem desejo mesmo. Gente: é porque a gente é gente. Eu só estou uma peça quebrada. Como um amigo, irmão, me disse outro dia: estou só o caule, sem frutos. Não tem com o que se lambuzar, não tem fruta doce, aguada, não tem.

"A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o próprio corpo de maneira santa e honrosa, não com a paixão de desejo desenfreado, como os pagãos que desconhecem a Deus. Neste assunto, ninguém prejudique a seu irmão nem dele se aproveite. O Senhor castigará todas essas práticas, como já lhes dissemos e asseguramos." (1 Tessalonicenses 4:3-6)

"Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim." (Romanos 7:15-20)

"Senhor, não me castigues na tua ira nem me disciplines no teu furor. Misericórdia, Senhor, pois vou desfalecendo! Cura-me, Senhor, pois os meus ossos tremem: Todo o meu ser estremece. Até quando, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, e livra-me; salva-me por causa do teu amor leal." (Salmos 6:1-4)

"Toda a lei se resume num só mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo". Mas se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente. Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei." (Gálatas 5:14-23)


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