"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Ceia de lágrimas

Eu fiz um super resumo em outra rede sobre o que vou contar aqui com um pouco mais de detalhes e vírgulas. Pra quem não sabe, sou cristã. Pra quem não sabe, sou protestante. Tradicional (não significa conservadora). E não sou batizada, embora tenha virado protestante já desde os 15 anos. Por quê?

Primeiro: nunca me liguei com isso logo que tive consciência da minha relação com Deus, nunca me senti pressionada, nunca senti a "necessidade", nunca fui atrás, até me perguntaram algumas vezes, mas, enfim, por alguma questão, isto nunca foi pauta. Sou batizada na igreja católica, mas isso rolou quando eu tinha 3 meses (sem consciência alguma) e o batismo da igreja católica tem uma tonalidade bem diferente do protestante por questões teológicas bem mais profundas (batismo regenerador ou não e etc., não convém falar disso agora).



Sempre soube que o batismo é também uma confissão: quando você decide se batizar, confessa, declara diante de uma comunidade, seu novo nascimento. Eu sempre pensei que: "mas já todo mundo sabe mesmo", então, protelei isso até hoje, não estou dizendo que é certo, que é errado, simplesmente não foi algo que eu me debrucei pra refletir e simplesmente foi rolando e não somente por isso, quero deixar claro, mas também porque o batismo muitas vezes implica diretamente em membresia em alguma igreja e eu só vivia mudando de igreja.

Tendo dito isto, uma das coisas que mais me doía (e, confesso, não faz muito sentido pra mim, nem biblicamente) era o fato de eu não poder ceiar (comungar) se não for batizada. O mesmo acontece na igreja católica, você só comunga depois do batismo e primeira comunhão, então eu já tinha passado por isso quando criança, e agora, adolescente, adulta, passava por isso de novo. Me sentia um lixo quando acenava não com a cabeça para as pessoas que entregavam os elementos. Na verdade, isso aqui é uma meia verdade.

Sim, eu me sinto um lixo se eu nego os elementos, se eu nego minha participação na ceia, sinto como se estivesse desprezando o sacríficio, me sinto excluída, me sinto mal, me sinto uma pessoa pior do que sou. Mas não, eu nem sempre negava os elementos, na verdade, comecei a fazer isso só há pouco tempo em respeito às outras pessoas da igreja e etc.

Na ABUB sempre há ceia depois dos eventos maiores. E eu sempre ceiava (ninguém imaginava que eu não era/sou batizada). Na igreja, logo quando cheguei, ainda ceiei. Nas outras que fui, ceiava também. Nunca abri mão disso. Pra mim é o momento mais lindo que tem em comunidade! Ceiar! Lembrar do sacrífio que Jesus fez por mim! Sentir que sou horrível, pecadora, nojenta, imerecedora e ao mesmo tempo... amada, querida, perdoada, salva.

Enfim... Agora, já fixa em uma igreja (até quando não sei) e bem tranquila por lá, eu decidi obedecer às regras (mesmo ainda não compreendendo - podem se espantar, mas acho que gosto desse lance de ceia aberta mesmo), afinal, não me faria mal algum e eu estava fazendo em respeito aos demais, além de que seria temporário, pois pretendo me batizar lá. E comecei a, educamente, dizer "não".

(só de falar nesse assuntos meus olhos já enchem de lágrimas, vocês nem imaginam)

Mas domingo passado algo muito legal aconteceu. Um dos senhores da igreja (sempre-abeuense inclusive!), que posso considerar um amigo, pai, ouvinte e professor, me ofereceu e eu recusei, e ele me olhou e disse: "Steffi, você é crente, deixe disso. Aceite". E eu aceitei. Me derramei em lágrimas. É aquela coisa de você se sentir acolhida, mesmo, sabe? De você se sentir dentro de uma comunidade de fé, de você se sentir mais importante, como pessoa, do que as milhares de regrinhas que existem, é aquela coisa de você ver pessoas que realmente consideram o que você vive e demonstra mais do que as milhares de leis que podem existir... Eu me desmanchei.

Lembrei de uma história que ouvi uma vez de uma senhora evangélica que nunca havia comungado em sua igreja, pois apesar de já morar há muitos anos com seu esposo (eu considero como tal), ter filhos e tudo, não era casada no cível, logo, não sendo casada, para a sua denominação, ela estava em pecado, logo, não podia se batizar, logo, não ceiava. E, como o marido não era cristão, nem sequer fazia questão de ter isso do papel passado, ela vivia nessa opressão infinita, um looping... E, não quero entrar em questões polêmicas agora, não mesmo, não quero conversar sobre ela ser ou não ser casada, sobre ele não ser cristão, nem sobre a denominação e etc., mas pra mim era um absurdo a senhora que cuidava dos elementos (sim, ela que organizava!) não sequer poder ceiar também com sua comunidade por causa de algo que tecnicamente ela nem teria como resolver, afinal, ela iria amarrar o homem e levá-lo ao cartório? Além de que, onde isso influencia se ela é salva ou não? Eu não sei! Só sei que todas as vezes que eu neguei minha participação na Ceia, me senti um pouco dessa mulher...

Ainda não sou batizada. Mas continuarei ceiando.

Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim". Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim". Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice. (1 Coríntios 11:23-28)

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