"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Linda é a sua mãe.





Depois de desde cedo ver minha família e muitos amigos homens classificando as mulheres em lindassimpáticas e/ou gostosas, com certa dose de resignação cheguei à conclusão de que estou no grupo das simpáticas (aquelas que não são lindas, mas arrumadas ficam até apresentáveis), e desde então passei a ver o mundo em tons mais machistas, perdão.

Eu não chamo de linda quem linda não me parece. E quando falo "linda", é "linda" mesmo. Beleza estética. Pra definir "beleza interior" eu uso outras coisas: inteligente, engraçada, tranquila, risonha, alegre, zangada, determinada...

Acho uma sacanagem virem me chamar de linda quando chamam de linda também a Grazi Massafera ou a vizinha inalcançável! Acho uma palhaçada também virem brincar com minha insegurança e baixa autoestima me chamando de linda quando na verdade querem me chamar de legal, engraçada ou inteligentinha.

Ow, não vou dizer que tô bem resolvida com isso, não estou. Mas não precisa me chamar de linda, sério. Isso me irrita, isso me zoa ironia, sarcasmo, palhaçada com minha cara e não me sinto elogiada. Não tenho problema nenhum em conquistar na lábia e não no peito, e não com o sorriso, e não com pernas. Acho a luta até mais digna, acho até que se não me chamarem de linda minha neura é menor, porque aí já fico sabendo que não é por isso que tá procurando conversa e isso me alivia, não me transtorna.

Todo mundo tem o direito de achar alguém bonito ou feio, normal. Isso existe. Eu fico p. da vida é com essa história de que "ah, você é linda por dentro!". Ah, vai tomar...! Diz tudo, tudo menos isso. Por favor. Diz que sou companheira, boa amiga, engraçada, louca, briguenta, sei lá, o que lhe convém, menos linda, menos bonita, porque eu me conheço, eu sou largadona, eu não sou menininha, eu não sou uma barbie, eu não sou modelo.

domingo, 30 de junho de 2013

O (des)apego (des)carrega, meu bem.



Deixa eu te contar uma coisa que o tempo e as amarguras fez com que eu, jovem e pequena, aprendesse:

A primeira é que não existe nenhum erro no mundo que um ser humano não possa cometer. Isso serve pra mim e pra todos nós. Como eu lido com isso? Não é fácil. Eu não crio mais expectativas sobre ninguém, ou pelo menos tento. Não afirmo mais nada sobre as emoções alheias, ou pelo menos tento. Isso é bom tanto pra mim, que não sofro tanto caso façam algo que me magoe, como para os que estão ao meu redor também, que se verão livres do peso de terem que, por alguma razão idiota, demonstrarem algum tipo de sentimentalidade para com a minha pessoa além de que também não se sentirão pressionados a estarem presentes na minha vida por "amor".  Também não fico me colocando em situações tentadoras querendo testar minha resistência, já aprendi na marra e no ato, que resistente é o que eu não sou.

Queridos, o coração do ser humano é tão enganoso, a mente dos mais normais é tão neurótica, que pode acreditar, alguém que te "ama" pode do nada te odiar de uma hora pra outra! De uma palavra pra outra. Não a culpe, ela é humana, só podia ser assim mesmo. Isso é bom também porque eu passo a compreender melhor as pessoas, inclusive as que me feriram em algum momento da minha vida. Além de que eu me retiro desse lugar de importância na vida alheia e aceito a minha pequenez, aprendendo e continuando na minha luta pelo "negar-me".

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Começando desta triste, mas libertadora verdade, chego à segunda conclusão: ninguém é necessário pra ninguém. Aqui não afirmo que não "precisamos" do próximo. Somos seres sociais e não tem pra onde correr. Eu preciso do meu próximo, mas não dependo dele emocionalmente. Ou não deveria. Eu tenho minhas carências e fraquezas e nunca, nunca, nunca vou achar alguém que supra todas elas. Só Deus mesmo pode tampar qualquer buraco de alma depenada dentro da gente, porque ser humano nenhum pode te completar. 


E como poderia? Se sou tão incompleta assim, não é porque quero aliviar minha barra que digo com certeza que o outro também é. Como alguém mais ou tão incompleto quanto eu pode me saciar? Pode me oferecer tudo isso que eu não tenho tampando todos os males de faltas desconhecidas que eu tenho? Nem psicólogo nem psicanalista nenhum resolve esses tipos de problema pra sempre, o que se faz é fazer o outro ali chegar à conclusão de que essas coisas são assim e pronto e fazer com essa pessoa agora pense: "tá, e agora, o que eu posso fazer?". O que eu posso fazer? Eu acho que eu posso me relacionar sem esperar que o outro me dê o que não tenho e entendendo que ele é um comigo, mas é um "sem migo" também.

Aprendi também que não gosto nem quero que ninguém sofra por mim. E isso pode ter lá sua dose de altruísmo, mas a verdade é que na maioria das vezes me enoja e me passa a sensação de fraqueza e dependência emocional, e o pior de tudo: eu me preocupo, eu fico com raiva, mas fico preocupada e fico achando que tenho responsabilidades para com aquela pessoa. 



olheosmurosAprendi também que eu sou capaz de não acreditar no que disse O Pequeno Príncipe (livro que, por sinal, nunca li): "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas". Eu posso cativar alguém e aí fico eternamente responsável por ela?! PERA LÁ! É muita pressão! E quem disse que eu queria cativar alguém?! Sinceramente, acho que ninguém é responsável pelo ato de ninguém. Devemos sim nos importar com os sentimentos alheios e as opiniões também, afinal de contas tô no mundo e não tô sozinha, mas não a ponto de me tornar responsável pelo outro, ser o motivo do outro fazer isso ou aquilo. Não, isso não aceito.

Por muito eu me prendi em certas situações por pensamentos do tipo: "mas se eu não tiver lá, ele isso", "se eu não fizer isso, ele isso", "se eu não puder dar isso, ele isso"... Eu só esqueci que o "isso" era dele e não meu! Que quem ia fazer o isso era ele e não eu. E que isso podia acontecer independente do meu mas e que não dependendia do meu se!

Aprendi também que, mesmo depois disso tudo, eu quero alguém também. Ou não. Aprendi também que eu devo ter algum problema, porque todas as namoradas dos meus amigos são ciumentas e eu nem me importava quando o meu ex saía. Então foi isso! Achei o erro! HAHA Só que não. Eis que te digo, estou tão dura e empedrada que qualquer gracejo fofo, sorte a sua. ou não. Acho que não. Melhor não mesmo. 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Meio philo, meio sophia.

Gostaria de ver (viver também, pode ser) um romance que tivesse o mesmo tom de uma conversa sobre um livro, de uma conversa meio philo meio sophia, de uma conversa sobre um assunto polêmico, mas aquelas conversas mesmo, não aquele vômito de opiniões intransigentes onde ninguém quer ouvir ninguém. Um romance com tom de conversa intelectual ou metida à tal. 

Eu olhei alguém esperando que o amigo da mesa terminasse de ler um trecho que devia ser muito bom de um livro velho, com capa marrom, bem folheado. Ele esperava ansiosamente, com um sorriso no canto da boca, daquele que diz assim "é muito massa, né?", mas pacientemente também, esperando que o outro ali em frente se deliciasse tanto quanto ele se deliciou lendo aquilo. Claro que isso não aconteceu, mas a conversa rolou. Eles riam com desdém por não concordarem com o autor ou com alegria porque encontraram alguém que escreveu o que eles pensam, podia ser as duas coisas também, não consegui identificar. É uma delícia ver pessoas conversando assim. Um deles fala algo que contradiz e, tudo bem, não tem briga, a gente pode terminar tudo com um "é, é pra se pensar, mas..."

Mas aí a namorada do cara mais bonito chega. Acabou aquela cena tão linda de se ver! Essa discussão febril, essa troca de ideias... Por que ela não se sentou? Porque ela era muito fofinha. Sério, não sei como aquele rapaz namora aquela moça. Aquela cara de filósofo, de quem tanto pra falar e só tem uma namorada pra beijar... Preciso conhecê-la e cair na real. Preciso descobrir que estou muito errada. Ele se levantou, se despediu e foi, de mãozinhas dadas, conversando sobre alguma coisa muito desinteressante provavelmente, embora.

Eu fiquei pensando... Será que um casal de namorados podia ter uma conversa com esse tom de conversa sobre livro? Porque há de se pensar que é necessário que eles concordem em quase tudo, não é? E se não? Há de se concordar que geralmente a namorada ou o namorado vão peneirar aquilo que o outro lê, "mô, não liga pra isso não, nem lê essas coisas!"

Eu fiquei pensando: seria possível um casal conseguir conversar com aquele mesmo sorriso de desdém ou de concordância, com aquela mesma paciência, com o mesmo jeitão de "tudo bem, você não concorda comigo, mas tudo bem"?

E outra: ainda tem o contato! Conversar sem beijinhos, sem mãos dadas, sem aquela "cumplicidade" assumida e aquela coisa que fica na cara de "não importa a bobagem que ele falar, vou concordar com ele!", ou pior: "tô com vergonha do que ele tá falando", ou pior!: "mô, não fala isso, não quero que falem de você".

Será possível? Ah, meu Deus, tem que ser. Eu quero um romance assim. Eu quero um romance onde eu possa sentir que por alguns minutos eu não namoro com aquele ser inteligente ao meu lado e possa vê-lo como só mais uma opinião. Só mais uma opinião, que pode não ser a minha. Que eu possa ter a certeza que fora dali seremos dois de novo e nos respeitaremos, e as discordâncias não soarão como provocações idiotas e nem o mal estar que comumente às vezes surge nesses debates irá também estar presente na conversa de depois, de nós dois.

Mas ninguém deve estar entendendo isso aqui. Deve ser tão idiota que a melhor imagem que consegui pra esse post ridículo foi aquela mulher com o livro. E só porque lembrou a minha pessoa observando, não a cena que eu queria ver. 

Gina quer amor à primeira vista.


(2) Tumblr

E Gina percebe então que o que ela andava fazendo afinal não era tão bom como pensava. Por que ficar mexendo nisso? Por que tantas perguntas? Por que mesmo ela ia querer saber o que aconteceu, e o que ele pensou, e o que ele sentiu, o que ele acha disso tudo...? Ah!, pensou, Eu tenho que me desapegar!

Mas desapegar de quê, Gina? Desapegar de quê... se nem pegar o cara tu pegou?!
Desapegar de quê, Gina? Se nem sequer ele te olhou! Não te olhou nem com ternura, nem com os olhos de comilão, nem com piedade, nem com tesão nem com nada, ele não te olhou!

Ah, sabe como é, a gente sempre cria expectativas...

Gina, minha querida, pare já com isso! Foi só uma volta, foi só mais um dia comum na tua vida, minha linda, e você queria mesmo arranjar o amor, a alma gêmea, assim do nada?

A verdade é que Gina ainda acredita em amor à primeira vista. Não tem disso não, Gina. Tem é momento.
O momento da negação, o momento da aceitação, da teorização, da avaliação, da pegação, da brincadeira, da choradeira, de desilusão e da decisão: tá, com você acho que dá pra passar por esse mundão sem me sentir tão só...

A verdade mesmo é que agora começo a achar que Gina quer amor à primeira vista. Por que ter que escolher, analisar e decidir... Não, não queremos discutir de forma tão linear e pragmática assim o amor, né?

Porque no fundo, Gina, é tudo solidão.


sábado, 15 de junho de 2013

Mas que livro eu seria?

Eu seria um livro desses que não é muito caro e é distribuído comercialmente em uma quantidade considerável, em uma quantidade suficiente pra ficar na biblioteca das escolas ou em algumas estantes de adolescentes fora de suas épocas. Eu seria um desses livros que não é relido umas trezentas vezes, mas que lido uma vez, pronto, tá bom, se causou diferença, causou, se não, tudo bem, se pelo menos não ficar naquelas listas de piores do ano, está ótimo. Nem precisa me comprar, posso ser um desses livros que é emprestado, vai de mão em mão porque alguém disse que é bom e passa, e aí passa, passa, passa, todo mundo leu, gostou, devolveu ao dono, pronto. Fez o que tinha fazer, passou por onde tinha que passar, foi lida por quem tinha e quis ler, ficou com algumas páginas rasgadas, as orelhas machucadas, a capa amassada, mas está ali ainda e a história não se perdeu. Pronto. Minha história seria uma tragicomédia, porque rir é o que há de melhor pra se fazer, e porque eu não preciso mais me preocupar tanto assim com tudo, nem me culpar por tudo o que aconteceu. Eu não me escreveria, longe de mim, não aguento autopromoção, autobiografias e etc.Não confio em mim mesma nem no que porventura escrevo, daqui a alguns dias eu posso negar, desconstruir e desconfiar de tudo isso que tô escrevendo agora. Eu seria só mais um personagem, uma ideia de um autor que tem uma ideologia e colocou no papel, seria só mais um de seus milhões de livro e com certeza eu não seria o livro mais livro. Esse Livro já existe. Esse Livro é Ele, não eu. E isso é que é o bom. O livro não seria "eu ali", não seria meu, eu não seria de mim, eu não seria a melhor. Estou aprendendo a me negar.

Imaginei a minha morte e fiquei muito feliz. Não, não fiquei com vontade de morrer nem estou querendo me suicidar, mas fiquei feliz porque não me preocupei tanto comigo na minha morte. Eu me preocupei com quem estava ao meu lado desesperado e lembrei, por poucos instantes, das pessoas que eu estava deixando pra trás... E não me preocupei também. Fiquei muito tranquila e acho que isso tem a ver com a tranquilidade e confiança que estou aprendendo diariamente a ter em Cristo. Eu não me preocupei porque sabia que alguém melhor que eu podia cuidar de cada um, porque aprendi que ninguém "depende" de ninguém.

Eu estou aprendendo a me negar, a desapegar de mim mesma, a cair na real: não precisam de mim. Não sou eu que faço o trabalho, não sou eu a responsável pelo trabalho dar certo ou não, não preciso nem quero nem tenho que ser conhecida ou reconhecida, eu não. Não preciso nem tenho que depender de alguém, se não Ele. Não preencherei o vazio de ninguém, assim como ninguém preencheu o meu até hoje. Isso É ÓTIMO! Isso é me "desreponsabilizar", no melhor sentido e pro melhor motivo. Só Ele pode, e pra isso é preciso que eu me negue. Negando-me é possível que tudo isso seja preenchido. Aí vem a calmaria, aí vem a segurança, aí vem a certeza, ... E junto com tudo isso, vem a minha cruz. Tomo a minha cruz, Senhor. Eu tomo a minha cruz e Te sigo, porque o Senhor pode me ajudar a carregá-la, porque já me neguei, já sei, não posso carregar sozinha, não aguento esse peso todo e não tem motivo pra isso... Se o Senhor diz que meu fardo é leve, então eu acredito. Eu me nego, eu tomo a minha cruz e eu Te sigo. Eu me nego e aí fico tranquila, porque dessa maneira o Senhor pode entrar, fazer o que quiser comigo. Eu não quero reagir à tua ação.

Eu me nego, eu tomo a minha cruz e eu Te sigo, Senhor. Te seguindo, ela fica bem mais leve, me negando, eu fico bem mais leve! Aí eu entendo, Senhor. Eu entendo o que queres dizer com a liberdade que a Graça me dá! Eu entendo porque a Graça faz sim todo o sentido pra mim... Porque que, se eu não me negar, não me desvencilhar de mim mesma, eu caio na mesma rede, eu caio nos mesmos erros e tudo parece tão pesado de novo... Eu entendo também porque mesmo te seguindo com uma cruz nas costas as coisas ainda ficam leves, o problema não causa tanto medo, e se causar, ainda estou firme. E daí?

Esquecer de mim foi a melhor escolha que fiz. Não querer me sentir importante foi a melhor coisa que fiz. Não me importar se não se importam comigo foi a coisa mais tranquilizadora, mais consoladora e libertadora que fiz! Isso, peço, não confundir com indiferença ou excesso de amor próprio, não se trata disso, é o inverso disso. Não sentir mágoa nem rancor nem dúvida do carinho/afeto que podem sentir por mim, ou não, mesmo se não fui esperada, ou não. Não me preocupar nem me doer se no fundo só me querem tão bem também porque sou apenas necessária, não tanto pelo que sou e por conta disso posso oferecer. Não sentir que isso tudo é porque a minha mãe não me esperou, nem se preocupou em que nome dar pra mim, se não teve festa quando eu nasci, se um dia minha morte foi esperada e até pedida, eu não me entristeço. Isso tanto faz. Eu não sei por que eu deveria mesmo ser motivo de sofrimento ou preocupação pra tantas pessoas. Se tudo isso talvez foi o motivo de eu ficar assim tão "mal-amada" por mim, então tudo bem. Que que tem? Eu tô tão tranquila, o amor que eu conheci e recebo transborda, passa disso, vai além. Não que não seja importante, é importante como uma piada é. Passam a ser só umas histórias pra contar, não motivo de preocupação ou revanche. Simples assim.

"Pra dilatarmos a alma temos que nos desfazer, pra nos tornarmos imortais a gente tem que aprender a morrer com aquilo que fomos e aquilo que somos nós..."
(O mérito e o monstro - O Teatro Mágico)

"... negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me." (Mt 16:24b)

E como um girassol, Senhor, eu me coloco diante de ti...

e com é bom também!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Não é hora, sabe.

E então chegou o dia.
Chegou o dia da amargura.
                                         (Mais uma dessas mal amadas:
                                          Uma vez um erro e então lamúrias sem fim.)
Questionando o amor que lhes aparece
e até os dos outros. Nem lhe apetece.

Chegou o dia das contas:
Contar o quanto desejou
Contar agora o quanto desabou
Contar agora o que lhe desmonta.

Chegou o dia da amargura e do sorriso
Falsa liberdade e
Falsa impressão de que
                                        nada está importando
                                             nem cutucando
                                              nem tocando
                                        nem fazendo diferença.

E queria tanto,
Agora brinca tanto.
E quanto está perto, espanta
E quando perguntam, nega
E quando quer, não quer
E quando precisa, usa
E quando se doa, se vende
E quanta amargura, meu Deus!
E quanta mentira.

Não quer, aceitou.
Não precisa, aprendeu.
Não merece, entende.
Não é hora, sabe.

Steffi de Castro

"I'm FINE"

terça-feira, 11 de junho de 2013

Somos todos inconstantes - quotes

Hoje estava lendo a matéria capa da revista Ultimato de novembro de 2012, ano XLV, nº 539: "Somos todos inconstantes, mas Deus não desiste de nós." Essa matéria tão simples e rica me serviu como um consolo, reafirmou coisas de que eu já tinha conhecimento, mas parece que, de alguma maneira, ali foram me mostradas como algo extremamente novo. Tomo a liberdade de transcrever aqui algumas partes da mesma:


Meias-voltas para trás e para frente
Na experiência de cada cristão há situações confortáveis (quando o vento contrário não sopra) e situações desconfortáveis (quando o vento contrário sopra). Tem sido assim no tempo (em qualquer época) e no espaço (em qualquer lugar), Longos ou breves períodos de plenitude espiritual são intercalados por longos ou breves períodos de esvaziamento espiritual; longos ou breves períodos de euforia são intercalados por longos ou breves períodos de desalento. O Eclesiastes trata deste fenômeno: há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de derrubar e tempo de chorar e tempo de ficar triste e tempo de se alegrar, tempos de chorar e tempo de dançar, tempo de rasgar e tempo de remendar, tempo de guerra e tempo de paz (Ec 3: 1-8). Não há uma linha reta e contínua entre o nascimento e a morte. Antes, nessa caminhada há curvas para a direita e para a esquerda, depois das quais volta-se à linha reta e contínua. Além da curvas, há meias-voltas escandalosas para trás e meias-voltas gloriosas para frente. Porém, o verdade cristão não é encostado, mas alcança o alvo, chega ao final da reta. Nunca sem problemas.
 [...] Todavia, em última análise, é a graça soberana de Deus que muda surpreendentemente o rumo da vida daquele que está em crise, arrancando-o dela.
Quando o pecador se lembra, Deus não se lembra
É muito mais simples do que pensamos. O mais fácil está em nossas mãos, o mais difícil, nas mãos de Deus. É uma cadeia de eventos. É preciso lembrarmo-nos das coisas esquisitas que praticamos para termos nojo de nós mesmos: "Então vocês se lembrarão de todas as coisas vergonhosas que fizeram" e "ficarão com nojo de vocês mesmos, por causa de todas as coisas más que fizeram" (Ez 20:43). É preciso ter nojo (sensação de culpa) para confessar. Foi o que aconteceu com o chefe dos copeiros de Faraó: "Chegou a hora de confessar um erro que cometi (Gn 41:9). Foi o que aconteceu com o filho pródigo. Depois de comer lavagem de porco o rapaz caiu em si e confessou: "Pai, pequei contra Deus e contra o senhor" (Lc 15.18).
É preciso confessar para não lembrar mais. As coisas esquisitas foram por água abaixo; são agora águas passadas, compaixão de nós e vai "eliminar nossos maus atos e jogar nossos pecados no fundo do oceano" (Mq 7.19). O Senhor dá a sua palavra: "Sou aquele que resolve o problema dos pecados de vocês [e] não guardo a lista de seus pecados" (Is 43.25). Essa é uma das maiores manifestações da graça de Deus: quando o pecador se lembra, Deus não se lembra. Só depois de perdoado por ele, o pecador pode (e deve) se perdoar!
A plena consciência da condição humana traz vantagens de muito valor
Além de ser uma obrigação, a plena consciência da condição humana provoca três vantagens de muito valor. Primeira: eu me compreendo melhor. Sou tentado pelo mal porque sou humano (Tiago diz que só Deus "não pode ser tentado pelo mal"). Estou rodeado de fraquezas, pois sou humano. Sou um, ontem, e sou outro, hoje, porque sou humano. Tenho inveja, tenho raiva, tenho fortes e insistentes ressentimentos contra os que me machucam, penso só em mim, não amo a Deus e ao próximo como deveria e não tenho paciência porque sou humano. Segunda: eu me obrigo a ter misericórdia para com os outros. A rigor, não sou melhor do que meu irmão nem ele é pior do que eu, pois ambos somos humanos. Nelsos Rodrigues, o mais influente dramaturgo brasileiro, dizia: "Se todo mundo conhecesse a vida íntima de todo mundo, ninguém cumprimentaria ninguém". O médico francês Maurice Fleury afirma o mesmo: "Depois de percorrer todos os escaninhos da alma humana, cheguei a uma conclusão: tenhamos piedade um dos outros". Se meu irmão tem um cisco no olho, eu tenho uma trave no meu. Se ele tem uma trave, eu tenho um cisco (Mt 7.3-5). Terceira: eu contrario a minha soberba. Por que Paulo e Barnabé não permitiriam que a multidão os tratasse como deuses em Listra? Não façam tal coisa - reagiram os dois missionários -, pois "nós também somos humanos como vocês" (At 14.15). Se não reconhecesse que era humano, o escritor alemão Johann Goethe jamais confessaria: "Não vejo falta cometida que eu não pudesse ter cometido". A percepção da nossa condição é uma enorme barreira contra a soberba. Quando se passa por cima desta barreira, somos derrubados. Quem se esquece de que é humano e começa a agir como Deus é obrigado a retroagir ao ouvir a voz de Deus: "Cheio de orgulho, você diz que é um deus [...], mas você é um homem e não um deus" (Ez 28.2).

Nada mais.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Se eu puder ou não, te consolo e descanso.

Um dia eu orei: 
"Senhor, me use, que eu seja um objeto em tuas mãos, que as pessoas te sintam quando chegarem perto de mim. Não por mim, mas por Ti."

Eu quero que as pessoas sintam o mesmo consolo e amor que eu sinto que Jesus tem por mim e o quanto estou cada dia mais descansada por tentar permanecer Nele, quero que sintam o quanto Ele nos quer por perto, muito mais, infinitamente mais, do que o que eu posso sentir por Ele. Eu orei e tive respostas diversas nos dias seguintes. Certa vez, num ensaio de um grupo de teatro que participei por pouco tempo, eu não precisei falar nada, mas um dos atores, jovem e homossexual, me perguntou: " você acredita em Deus, Steffi?". Eu fiquei feliz, eu não precisei falar, mas ele se sentiu à vontade pra contar as suas coisas. Tempos depois continuo fazendo a mesma oração e agora as respostas vêm de outras maneiras:
"Steffi, não sinto mais vontade de viver. Não aguento mais esse lugar."
"Steffi, estou péssima, aconteceu isso, isso e isso, não aguento mais, quero interná-lo"
"Steffi, estou tão mal, não sei o que está acontecendo, estou em crise"...
Eu posso tentar ser compreensiva e responder apenas baseando-me no que aprendo vira e mexe nas aulas do meu curso, de certa forma, acredito que é isso que as pessoas procuram às vezes em mim, mas como não dizer nada sobre Aquele me consola? Independente deste meu conflito, é importante dizer também o quanto a profissão que eu escolhi pra mim tem a ver com essa vida louca que eu levo. O quanto eu posso servir mesmo sem falar sobre Ele, mas falando de todos os jeitos ao mesmo tempo...

Ouço coisas tão tristes, vejo contextos tão desoladores que, de fato, parece que os problemas não têm soluções. Eu gostaria de dizer palavras diretas e bonitas e as pessoas simplesmente sentirem. Como falar para alguém que não crê e parece estar tão longe disso que, há sim alguém que é real, que não é simples imaginação, que de fato consola, que de fato tira o peso das nossas costas, que deixa nosso fardo leve?

Como falar? Às vezes não tem como falar, já aprendi. Às vezes, na maioria das vezes, o melhor falar é o abraçar, o melhor falar é o ouvir, o melhor falar é não julgar nem ficar identificando problemas a serem resolvidos, às vezes o melhor falar é só estar ali ao lado.

Vejo as pessoas saindo pro "campo" de evangelismo e contando quantas almas fizeram crer... Eu não consigo, desculpem-me. Desculpem-me se eu não consigo fazer as pessoas crerem, desculpem-me se eu realmente não gosto disso, desculpem-me se não gosto desses métodos, desculpem-me mesmo, peço no entanto, que me entendem: eu não vivo numa redoma, eu não vou ao "campo", eu estou o tempo todo nele, e acreditem: não é fácil. Não estou dizendo que o que eu faço (que na verdade é muito pouco) é mais importante ou melhor, não quero desmerecer quem ninguém que trabalhe dessa maneira, só digo que eu não me encaixo nela.

É muito simples identificar um dependente químico quando ele está na rua sem ninguém, é visível. Mas identificar os que estão dentro de casa, os que sorriem, os que andam com você o tempo todo, o que está debaixo do seu teto, é difícil. É difícil manter relacionamentos, é difícil ser amável ao mesmo tempo que é necessário ser duro em alguns momentos. É complicado pra alguém que tanto já apanhou entender Jesus como Salvador e Senhor. É difícil saber que alguém precisa de Jesus naquele momento e ainda assim a pessoa O nega. 

Evangelizar pessoalmente, sem esperar que a pessoa se converta, tem sido uma questão crucial na minha vida. As pessoas que aparecem pra mim parecem tão ou mais problemáticas do que eu. E como ajudá-las se ainda nem me resolvi? O que falar? Como falar? Todos os dias eu acordo pensando nisso, pensando em como ajudar essas pessoas... Que eu amo tanto, que eu amo tanto, que eu amo tanto...

Antes eu me preocupava muito em ter o que dizer, ter que fazer, ter o que e que falar, preocupava-me com a minha eficiência em servir aquela pessoa, mas eu também tenho problemas, eu também estou sendo diariamente tratada, e é por isso que, eu tendo ou não o que fazer, descanso: o trabalho não é meu. Se elas se sentem à vontade comigo, ouço, se eu tiver o que falar, falo, se tiver como abraçar, abraço, choro, oro... Eu faço o que acho que posso fazer, porque o resto não é comigo. E se eu não puder fazer nada além de orar em casa, então não faço nada além disso, o trabalho não é meu.

Uma musiquinha simples me consolou tanto esses dias, eu entendi mesmo como algo de Deus especificamente pra mim, como um consolo, um leve "puxão de orelha":


"Não tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer que seja, pois um, somente um, seria muito para ti. É Meu, somente Meu todo o trabalho, e o teu trabalho é descansar em Mim. Não temas quando enfim, tiveres que tomar decisão, entrega tudo a Mim, confia de todo o coração." Milad



Nem sempre vou poder dizer algo que faça você se sentir bem, mas eu sempre estarei aqui, sem esperar retribuição, eu tentarei, sem esperar te transformar num crente, sem esperar que entenda tudo o que porventura eu tente te explicar. Eu não sou Deus, mas tenho um que pode te acalmar. Eu sou crente, mas não espero que você se torne um pelo o que eu disser, e sim porque você precisar saber que precisa Dele, eu posso te avisar, mas só você pode decidir crer, depende de você e Dele. 



sexta-feira, 24 de maio de 2013

Não desista :)

"Hanani, um dos meus irmãos, veio de Judá com alguns outros homens, e eu lhes perguntei acerca dos judeus que restaram, os sobreviventes do cativeiro, e também sobre Jerusalém. E eles me responderam: Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província passam por grande sofrimento e humilhação. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus dos céus." Neemias 1:2-4

Neemias tinha em seu coração a vontade de fazer algo por sua cidade, por seu povo... E pedindo a orientação de Deus descobriu o que deveria ser feito. Em seu coração o desejo de reconstruir a cidade de seu povo queimava... E Ele só podia confiar em Deus para que tal feito fosse cumprido.

"No mês de nisã do vigésimo ano do rei Artaxerxes, na hora de servir-lhe o vinho, levei-o ao rei. Nunca antes eu tinha estado triste na presença dele, por isso o rei me perguntou: Por que o seu rosto parece tão triste, se você não está doente? Essa tristeza só pode ser do coração! Com muito medo eu disse ao rei: Que o rei viva para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, se a cidade em que estão sepultados os meus pais está em ruínas, e as suas portas foram destruídas pelo fogo? O rei me disse: O que você gostaria de pedir? Então orei ao Deus dos céus, e respondi ao rei: Se for do agrado do rei e se o seu servo puder contar com a sua benevolência, que ele me deixe ir à cidade onde meus pais estão enterrados, em Judá, para que eu possa reconstruí-la." Neemias 2:1-5 "(...)Visto que a bondosa mão de Deus estava sobre mim, o rei atendeu os meus pedidos" Neemias 2:8

A vontade de Neemias, vontade de Deus também, foi feita. Mas as dificuldades apareceram:

"Os oficiais não sabiam aonde eu tinha ido ou o que eu estava fazendo, pois até então eu não tinha dito nada aos judeus, aos sacerdotes, aos nobres, aos oficiais e aos outros que iriam realizar a obra. Então eu lhes disse: Vejam a situação terrível em que estamos: Jerusalém está em ruínas, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Venham, vamos reconstruir os muros de Jerusalém, para que não fiquemos mais nesta situação humilhante.Também lhes contei como Deus tinha sido bondoso comigo e o que o rei me tinha dito. Eles responderam: Sim, vamos começar a reconstrução. E se encheram de coragem para a realização desse bom projeto. Quando, porém, Sambalate, o horonita, Tobias, o oficial amonita, e Gesém, o árabe, souberam disso, zombaram de nós, desprezaram-nos e perguntaram: O que vocês estão fazendo? Estão se rebelando contra o rei? Eu lhes respondi: O Deus dos céus fará que sejamos bem-sucedidos. Nós, os seus servos, começaremos a reconstrução, mas, no que lhes diz respeito, vocês não têm parte nem direito legal sobre Jerusalém, e em sua história não há nada de memorável que favoreça vocês!" Neemias 2:16-20

Existiam pessoas que estavam dispostas a atrapalhar os planos... Mas Deus estava com Neemias... E Neemias passou por várias delas até que a obra fosse concluída.

"(...) essa obra havia sido executada com a ajuda de nosso Deus." Neemias 6:16

Assim é que ocorre com a nossa vida. Muitas vezes Deus coloca planos em nossas vidas, metas... E ele prepara tudo para nós durante todo o caminho pelo qual andaremos, mas as dificuldades sempre aparecem, às vezes por tentações, às vezes por formação de caráter, e às vezes por conta de nossos próprios erros... O que é discutível realmente é a opção de desistência que essas dificuldades nos impõem... Atenção: OPÇÃO. Porque você também pode optar por seguir em frente, na permanência do amor de Deus e sair vitorioso.
Sempre.

sábado, 18 de maio de 2013

A vida dando na cara!

"Muito do que eu faço não penso, me lanço sem compromisso. Vou no meu compasso, danço, não canso, a ninguém cobiço."

É verdade. Eu não penso muito antes de acabar fazendo as coisas, antes de falar, quando vi, já fiz, já disse, já pensei... A única decisão que tomei tanto tempo pra tomar foi essa que tomei e suas consequências vão reverberar por toda a minha vida, seja lá que rumo ela tomar. Por enquanto vou indo no meu compasso, vou dançando e cobiçando algumas vezes sim. Algumas vezes sim.

"Tudo o que eu te peço é por tudo que FIZ e SEI que mereço. Posso, e te confesso: você NÃO SABE da missa um terço."

LargeEu sei que não devemos fazer nada esperando retribuição, isso diz respeito tanto ao fato de eu ser cristã, e portanto fazer porque TENHO que fazer o bem, nunca esperar que me retribuam e também diz respeito a uma coisa que cedo também aprendi: quanto menos eu esperar do outro menos eu decepciono, menos expectativas eu crio. Mas isso não é tão simples assim. Nossas relações são moldadas nessa cultura da troca, do escambo, da barganha... Como assim eu fiz tudo isso pra você e você nem ao menos reconheceu?! Inadmissível! É. Tem dias que eu acho inadmissível mesmo e quando eu lembro, e quando eu venho tentando fazer esse percurso novamente, aí eu percebo que realmente, realmente foi tudo inadmissível. Então tá, vou deixar por uns instantes meu bom senso e confirmar que eu sei, sempre soube, que eu não mereci muita coisa e agora eu mereço isso tudo que eu quero pra mim a partir de então! Por tudo que eu fiz eu sei que eu mereço. E, definitivamente, você não sabe mesmo, talvez nunca soube, de nem um pedacinho do redemoinho que tem aqui dentro de mim!

"Tanto choro e pranto, a vida dando na cara. Não ofereço a face nem sorriso amarelo, dentro do meu peito uma vontade bigorna, um desejo martelo."

Não é o primeiro tapa que eu levo. Com certeza não é o último. Amanhã talvez eu leve outro. Eu não culpo ninguém por isso, sei que tem gente que já passou pior... Mas eu não estou de brincadeira, querido, eu não passei um probleminha aqui e agora tô livre e leve e solta não, eu não tô pra oferecer é nada! Nem face nem sorriso nem confiança nem intimidade. E quando eu falo intimidade não estou dizendo que não tenho coragem de contar como me sinto, de ser transparente. Quem me conhece bem sabe que eu não tenho muitas medidas "prusôtro" da rua, mas nada que você me fale vai me tocar, pouco que você me fala vai fazer diferença, não tô pra dar essa intimidade de deixar alguém entrar, deixar a porta escancarada, não sequer limpar os pés e ainda mudar os móveis, usar as roupas de cama e se achar dono de mim. Não, senhor! Entre, fique na sala de estar e não se levante do sofá, você é só visita e portanto vai conversar o que eu quiser conversar! Vai entender apenas o que eu te disser, não vai mudar nada aqui.

"Tanto desencanto... A vida não te perdoa. Tendo tudo contra e nada me transtorna. Dentro do meu peito um desejo martelo, uma vontade bigorna. VOU CERTO DE ESTAR NO CAMINHO. Desperto."

E depois de tudo isso, isso mesmo: desencanto. Eu não vejo mais a beleza onde eu via, eu não vejo mais graça no que eu queria, eu não vejo mais com amor tudo o que eu sonhei pra mim, eu não me empolgo muito tempo por quase nada, eu não tenho vontade de planejar de novo, meu encanto é superficial. Um requisito não preenchido e tchau. A vida não me perdoou, por tanto amar, amei, sofri, chorei, amo, não amo mais, sabe-se lá quando amarei. Só desejo, só vontade. Mesmo diante disso tudo, eu sei, eu sei, eu sei que fiz a coisa certa. "Não é preciso sofrer pra saber o que é melhor pra você", já dizia Criolo. Eu estou certa de  que completamente errada estou no caminho certo. Eu despertei. Todo dia eu desperto.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Minha Musicoterapia - 5 a Seco

Passando pelo meu 12656352º momento de crise e conflito, para vocês, 5 a Seco!


"Quero uma Odisseia, meu conto que seja um canto pros leais, o advento do alento. Eu quero o tempo que reateia, aquele primeiro amor dos casais. Quero ver virar fumaça a trapaça e a traição, se a dor se torna raiva nunca passa a aflição, estou farto de vinganças, coração!"
(Abrindo a porta)



"Então verá que você cresceu e apareceu em seu lugar, e hoje está louca pra sair sem saber que horas vai voltar. Eu quero mais é te ver na pista da vida dançando sem parar! Eu quero mais é sumir com as pistas de onde ele foi parar!" (Deixe estar)



"Se naufragou, faça desse drama sua hora, faça disso a hora de recomeçar. Para conviver com a dor, para a dor também saber passar... Se já passou, dê sorriso à cara e vá embora! Queira cara ou não queira, junte agora a cara, jogue noves fora." 
(Faça desse drama)



"Pra quê buscar recaída, reviver o drama, mexer na ferida? Por onde se engana o coração se encontra a saída pra vida. Tempo de ver que é maldade martelar as horas no chão da saudade. Embora agora há contradição, o tempo que pôs essa dor nessa conta é quem desconta, passa e te aponta o ponto de sorrir mais, soltar gargalhadas. Deixa pra trás o que te entristece e tece teus ais."
(Gargalhadas)



"Fique firme, tenha fé. Mesmo que em nada dê, tudo ainda está de pé, tudo está para nascer. Fique forte, firme o pé. Tudo dá n'algum lugar. Mesmo se o olho não vê, tudo ainda vai brotar."
(Impasse)





domingo, 12 de maio de 2013

Tá na coleira, tá?

Eu venho pensado bastante nesse assunto ultimamente, não tem um porquê exatamente, mas é uma situação que eu vejo constantemente, que talvez eu tenha vivido, e que, enfim, eu acho ridícula mesmo.

Num relacionamento é extremamente importante e necessário que um leve em consideração o que o outro tem a dizer, se é casamento então, mais importante ainda. Num relacionamento sério, com propósito e etc., a opinião do outro é sempre válida e tem que ser ouvida, o que não significa necessariamente que deve ser "seguida", obedecida. O que quero dizer afinal? O que quero dizer, da maneira mais simples que tem pra  se dizer: é ridícula a maneira como alguns homens se comportam, tendo que pedir permissão pras namoradas, saindo escondidos e com horários pra chegar! Ridículo, ridículo, ridículo. Não consigo enxergar situação mais vergonhosa que um homem pedindo permissão pra namorada pra sair, assim como acho ridículo uma mulher pedir também, mas, como machista que reconheço que sou, não tenho medo de falar que: se é feio pra mulher, que dirá pra homem. Não estou dizendo aqui que homem que é homem faz o que quiser e não tá "nem aí" pra sua companheira, não é isso, como eu disse no início, as opiniões devem ser levadas em consideração, desde que não ultrapasse a linha da dignidade e do respeito mútuo. É claro que, se eu tenho namorado, vou me privar de fazer algumas coisas, mesmo que não tenha problemas nenhum, para evitar certos comentários ou até mal entendidos, assim como, se o cara tem namorada, é claro que algumas coisas devem ser dosadas, é uma questão de bom senso e equilíbrio, mas nada de submissão!

Algumas mulheres adoram fazer seus namorados e maridinhos de capachos, adoram colocar os bichinhos nas coleiras e têm orgulho de dizer: "esse aí eu boto na linha!". Quando ouço uma mulher falando isso o pensamento que vem à minha cabeça é: "tu bota na linha porque ele não é homem de verdade." Porque, sinceramente, homem que é homem não se submete a essas coisas! No meu último e mais duradouro relacionamento (5 anos) eu via as pessoas falando: "Não sei como tu deixa ele fazer essas coisas!". Eu não deixava, ele não pedia minha permissão. Não vou dizer que não ficava com raiva às vezes, porque algumas coisas eu não gostava mesmo, e outras eu achava um p. sacanagem, mas eu me orgulhava de ver e dizer que ele era independente de mim e que ele tinha a vida dele. Por outros fatores não continuamos o relacionamento, mas disso eu tenho e tinha orgulho: ele não era um capacho e eu nunca quis que assim fosse. O mais engraçado é ver alguns cheios de marra, mas todos encoleirados... Engraçado e triste.

Uma mulher que convive com um homem assim pode até ter mais problemas, se zangar mais vezes e etc., mas eu prefiro.  Que fique claro que só isso também não é suficiente, não adianta ele ser homem pra mulher e não ser homem pra ser pai; não adianta ele ser homem pra mulher e não ser homem pra não pensar no futuro; não adianta ele ser homem pra uma mulher se quer ficar com várias ao mesmo tempo... Alguém pode dizer que eu sou uma idiota escrevendo essas besteiras, rsrs, pode ser, mas é que eu acho incrível quando vejo uma mulher se orgulhando, falando de boca cheia, que domina seu marido, como se isso fosse motivo pra se orgulhar! Em um relacionamento é preciso ceder e aceitar, simultaneamente e mutuamente. Você começa a namorar com um cara e aí quer transformá-lo inteiro? Quer proibir o garoto de fazer tudo o que ele gosta? E se ele fizesse isso com você? Ia ser legal? Se as pessoas são maduras elas vão percebendo que, pelo bem da relação, é possível ceder a abdicar de certas coisas para permanecerem juntas, coisas que  se deixadas de lado não vão fazer ninguém morrer, mas é preciso que cada um aceite também a individualidade do outro, agora dois se tornam um, mas não há problema em manter aquilo que ele ou ela sempre teve, que faz parte da sua constituição como pessoa única, cedendo por aqui, aceitando ali, vocês crescem juntos, aprendem juntos. Nada de submissão, nada de ciúme exacerbado e insegurança demais. Nada de colocar coleiras no outro. Nada de querer transformar seu homenzinho em um cachorrinho de raça, adestrado. Namoro e casamento não é uma brincadeira de puxar a corda pro seu lado e o lado mais forte ganha, está mais para uma balança, onde os dois precisam estar em harmonia para que não haja invasão nem opressão. E outra, pode ter certeza, se o garoto é um desses de coleira, ele deve ser motivo de piada para os amigos mais felizes, eu falo mal dele e os nossos amigos também.

Se você é um desses que é dominado, sua adorável companheira deve contar vantagens, pode apostar, é mais ou menos assim:



Provavelmente algumas coisas que você deve fazer pode soar como "fofo", mas não se sinta feliz por causa disso... Essa história de que toda mulher gosta é de fazer o homem se arrastar... tá, pode até ser legal às vezes, todo mundo gosta de receber atenção, mas ninguém gosta de "fraqueza", eu, pelo menos, acho ridículo homem que demonstra essa fraqueza toda. Fica a dica e minha inútil e desnecessária opinião sobre o assunto. o/

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Ser é o Bastante - felicidade à luz do Sermão do Monte

Livro escrito por Carlos Queiroz: casado, dois filhos, é pastor da Igreja de Cristo no Brasil e se identifica como  "um discípulo de Jesus Cristo cuja missão é expressar o amor a Deus e a todas as pessoas, vivendo e proclamando e evangelho de Jesus Cristo". Acredita que os valores e princípios necessários à vida estão no sermão do monte e vive cativado pela crença de que é possível desfrutas plenamente de todos eles. Foi diretor da Visão Mundial Internacional em Angola, diretor executivo da Visão Mundial Brasil e presidente do 2º Congresso Brasileiro de Evangelização (CBE2). É diretor executivo da ONG Diaconia.

Esta descrição é a que há no livro, também faço questão de fazer a minha descrição: uma pessoa simples.

Não é de meu interesse falar sobre o autor e sim sobre o livro, mas como o conheci, é quase impossível não fazer automaticamente a ligação entre a pessoa que ele é o que ele escreveu e entendeu. De fato há coerência entre essas duas dimensões e isso aumenta muito a credibilidade de um livro de cunho cristão.

O livro fala sobre justiça, coerência, legalidade, alguns erros das igrejas-instituições, sobre amizade, sobre jejum, sobre pregar o Evangelho com verdade, sobre ter os "olhos limpos", sobre um Jesus único que ensinou e ensina como ninguém, sobre sua singularidade como homem e como Deus. 

Entrou pro daqueles que eu digo: "mudou a minha vida", traz interpretações e informações que não serão esquecidas e te emocionam, abre seus olhos. Ser é o Bastante é uma leitura muito agradável, de uma simplicidade imensa, algo quase  "didático", pra fazer você entender mesmo, mas sem parecer um manual de livro de autoajuda pra conseguir a "felicidade". Quando conheci o Carlos Queiroz, em um curso de férias da ABU, não havia um dia sequer em que eu não chorava, também não houve um capítulo sequer deste livro que não deixou uma marca em mim.

E não foi o Carlos Queiroz, não foi o livro em si, mas a forma como Jesus se apresentou e foi apresentado a mim desta vez que me fez gostar demais deste livro. A forma como Jesus quer que sejamos felizes. Recomendo mesmo.

"Na tentativa de perceber Jesus, deparei-me como um Ser Divino e humano transitando entre ricos e pobres, comendo com publicanos e pecadores e, ao mesmo tempo, dialogando com religiosos; esteve entre a plebe e o palácio; à beira do caminho e na sinagoga. Aliviando dores e provocando sofrimentos, construindo a paz e estabelecendo outras guerras. Conheci Alguém com jeito de gente grande, plena maturidade." (p. 15)
"Felizes, portanto, são aqueles que, vislumbrando o Inominável, Indescritível, o Ser que escapa a todas as categorias racionais, se reconhecem demasiadamente indignos, pobres, não tendo absolutamente nada que a Ele possam oferecer. E são felizes porque, a despeito dessa condição, sentem-se acolhidos e amados por Ele. As demais bem-aventuranças são desdobramentos da conexão do discípulo com a Fonte da Vida." (p. 56)




"Sinto-me só".

Sinto-me só é um livro escrito por Karl Taro Greenfeld, que não é apenas autor, mas também personagem da história. Segundo a Publishers Weekly o livro é uma "história tocante sobre uma família simultaneamente destruída e unida pelo autismo". Apesar de Greenfeld ser um dos personagens, enquanto você vai lendo fica parecendo uma realidade meio distante, que é apenas mais uma ficção, porque fica meio difícil entender como essa pessoa expôs tudo o que ela pensou em sua infância e adolescência sobre seu irmão e sua família, todas as suas dificuldades em se relacionar, seus problemas com drogas e etc. Karl conta a história de seu irmão, Noah, autista numa época onde não havia tratamentos, onde não havia recursos nem profissionais especializados, onde tudo era "experimentação". A vergonha, a dificuldade de aceitar a dificuldade do irmão, o peso de ser considerado "normal" e não responder às expectativas dos pais e da sociedade são temas do livro.

Como estudante de psicologia o livro foi muito interessante pra mim que tenho um interesse por trabalho com crianças e curiosidade e interesse também pelo tratamento do autismo e suas nuances, então, em diversos momentos do livro, eu enxerguei todas as teorias que ando estudando, o que é muito bom pra avaliar o que afinal de contas eu sei e, como o livro se trata de uma história verídica, entender um pouco também do lado da família, o que em qualquer tratamento psicológico é essencial, além de ter informações interessantíssimas a respeito dos absurdos que aconteciam em nome da psicologia, maus tratos, falsas promessas de cura e etc.

O drama de Noah é com certeza parte essencial do livro, afinal, ele é o protagonista na vida da família inteira, mas a tensão de Karl como um garoto numa família completamente diferente (mãe oriental, pai judeu, irmão autista num EUA extremamente preconceituoso) e problemática de ter que ser o filho "normal" toma um espaço muito grande na história e é riquíssima! Você se emociona em muitos momentos.

Recomendo. Não foi um livro que mudou a minha vida, mas é muito interessante e tem boa trama ;)

"Nesse momento ainda não sei disso, mas meu relacionamento com Noah é o mais unilateral que jamais terei. Ele parece ter perdido o interesse por mim, e eu ainda tento fazê-lo sair de si mesmo e brincar. Quero um irmão. Desesperadamente." (p. 53)
"Estamos tropeçando como família, perdendo o passo, fazendo progressos insignificantes. Os membros da família devem sentir que estão andando para frente como uma unidade, que se dirigem juntos a um futuro brilhante. É esse o conceito que mantém toda a operação funcionando. Um dia, os filhos vão amadurecer, crescer e ocupar seu lugar na sociedade. Os pais vão se dedicar a suas carreiras ou seus projetos, cuidar desses filhos, acumular importantes conquistas financeiras e sociais, e os membros da família vão se beneficiar teórica e simbioticamente. Não interessa se a realidade é frequentemente - sempre? - desordenada. Gostamos da ilusão de que somos melhores juntos do que separados." (p. 194)"