"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Singeleza de um detalhe.

Já havia pensado nisso num nível um pouco menos amplo, no nível do cotidiano, agora expando um pouco mais (na verdade o que eu faço é nada além de enxergar o conjunto de cotidianos no final...). Enfim, o que quero dizer é bem simples: não se pode ser perfeito no namoro.

Todos os casais que eram tão perfeitos, que tinham surpresas tão lindas, uma dedicação extrema, palavras bonitas, textos bonitos, coisas delicadas, coisas grandiosas... Tudo tão fenomenal, tudo tão extraordinário, tudo tão grande, tão surpreendente... quando acabam, acabam deixando aquele gosto de: "não vai ser perfeito com mais ninguém."

Não fiz muita coisa nem recebi muita coisa, por isso acho que aqui dentro de mim ainda há um punhado de surpresas e criatividade pra um dia eu usar pra fazer e ser com alguém, diferente de quem parece que já usou e fez de tudo para agradar, pra ser surpreendente todo o dia, pra ganhar os advérbios atemporais de tempo, tão bonitos, mas tão distantes: o sempre, o eterno...

E aí quando o "sempre" acaba foi sempre mesmo? Pra mim não vale a pena usar isso na incerteza diária de que todo dia será lindo e não vai acabar nunca. O casamento não é a chegada, até ele acaba, até ele pode acabar. Eu só estou considerando a certeza de que nunca sabemos o dia de amanhã, mesmo que possamos prevê-lo.

Deixe espaços vazios, deixe as coisas meio inacabadas às vezes, pra não perder a graça, pra não acabar esse estoque, pra viver todo dia um pouquinho disso. Não precisa usar de todas as artimanhas numa temporada só, porque, pense bem, se for pra ser pra sempre (ou até onde se alcança o sempre), é melhor usar aos poucos pra que não fique chato também.

E não me vem com essa de que é preciso viver intensamente... Viver intensamente não significa escancarar pra tudo e todos e esgotar toda a força, não é FAZER muito, é SENTIR muito, sentir bem, sentir de verdade aquilo que naquela hora é verdadeiro. E amor é detalhe e não marketing. Faça as coisas devagar, com cuidado, com a singeleza de um detalhe, dia a dia. 

"Não devemos medir o amor pela nossa alegria. Mas pela alegria de quem nos acompanha. Nossa alegria não significa que estamos amando. Pode significar que podemos amar. É falso confiar que a nossa felicidade é suficiente para se decretar o estado da paixão".
(Fabrício Carpinejar em Aceito encomendas para dentro de casa, livro Canalha!, p. 140)

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