"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ficando no casulo

Obra de Pablo Gonzalez
Cá estou eu aqui novamente. Como uma vez bem semelhante fiquei: tentando acordar.
Quando fico muito confusa ou muito cheia de coisas acabo transbordando e a única coisa que me vem à cabeça é me isolar. Eu tento tirar o máximo possível de tudo o que pode me distrair. Tento focar no processo de ficar no casulo. Às vezes dá trabalho, porque em tempos de comunicação excessiva é preciso um grande empreendimento para ficar sozinho.

Quanto custa ficar só! Quanto custa requerer este momento pra si. Não era pra ser assim. Mas é compreensível também o porquê de ser tão trabalhoso. O estado de solitude não é um estado compreendido pelo mundo. Não é algo esperado por ninguém. Ficar sozinho voluntariamente, viver este momento de reclusão por livre e espontânea vontade não é visto com bons olhos.

Você só pode estar muito mal, deve ser alguma doença, é preciso ativar aqueles amigos guardados no bolso, chama a tia, aquela que sempre faz você levantar e fazer alguma coisa. Nada de ficar assim! É mais ou menos desta forma que as pessoas veem. Elas querem a todo custo te socorrer. Elas querem a todo custo te resgatar. Elas querem a todo custo força sua saída do casulo.

A solitude não é necessariamente um estado que deve estar intrinsecamente ligado ao sofrimento, mas, ainda que seja, considero que seja uma das formas mais saudáveis de vivê-lo, que é extremamente necessário.

Eu, por exemplo,não sei sofrer direito. Não sei me resguardar, chorar a noite inteira e passar mal por várias semanas após um tombo. Geralmente após o 8 vivo logo o 80. É sempre assim, já conheço o ciclo e o saber dele não justifica coisa alguma, só sei que parece que não tenho controle sobre isso. Com o tempo percebo que as coisas começam a ficar meio sem sentido, eu perco o foco e aí preciso me guardar numa caixinha... Entro em estado de solitude.

As necessidades não me permitem abdicar de tudo o que gostaria. Preferia não sequer sair de casa (como outrora o cotidiano me permitiu), mas ainda tenho que fazer este esforço, ainda que eu fique por pouco tempo, é um tempo para descansar e, verdadeiramente, redescobrir algo que não sei exatamente o que é.

Não sei dizer por que estou sofrendo. Estou buscando motivos concretos. Queria poder informar: "estou mal por isso." Mas não estou mal por isso ou aquilo, estou mal por nada e por tudo. Não há como saber. Só sei que por uns dias, pelo menos, por uns dias eu vou precisar ficar aqui com o meu vazio. Nadando no nada.

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