"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A psicologia uma sedução, e eu caí nela.

The Great Seduction, Darwin Leon


Um dia você sai de casa despretensiosamente, na verdade, no fundo, você tem esperança de que algo incrível aconteça em só mais uma noite que você sai com os amigos ou só amigas. E aí você se senta na mesa de um barzinho, e numa outra mesa, ali ao lado, um homem charmoso te olha, sério, um olhar reto, sorri com canto de boca.



E você simplesmente não sabe como responder a isso. A impressão que você tem é que ele lê sua mente. Ele sabe exatamente que você está ficando nervosa. Mas, espera aí, como ele pode saber disso? Não, ele só pode saber mesmo, olha o que ele está fazendo, não desvia o olhar.

Ele, com o olhar em você, bem nos seus olhos, levanta, vai para dentro do bar, ainda fixo para você em você. É um chamado. Você vai ou não? É um chamado? Homens fazem chamado? Mas este pode estar fazendo. Ele sabe que estou em dúvida. Hoje em dias as mulheres são mais audaciosas, então, qual o problema de ele chamar? Ele deve estar procurando alguém decidida. Ele sabe de tudo isso que estou pensado, sei que ele sabe. Misterioso, ele sabe o que você pensa, ele te testa, quer que você se arrisque, te seduz, te ilude. E você não quer que essa noite acabe. Ele sabe o que você está pensando, quer ver sua reação e ver sua ação.


Neste mesmo bar encontramos um rapaz com vários amigos, conversa alta, risos à toa, cerveja gelada, e bem ao lado, em outra mesa, uma menina-mulher (ou mulher-menina?), sabe? Aqueles seres humanos do sexo feminino, heterossexuais, que misturam a beleza de uma mulher com a doçura de uma menina? Uma dessas logo ali ao lado. Os olhares deles se encontram. Ela desvia, envergonhada, mas logo em seguida retoma, fixa, sorri sem abrir a boca, é um encanto. Você ali, um cara normal, até está arrumado, bonito, mas em termos de companhia, meu Deus, quantas insanidades e babaquices, as melhores é claro, vocês estão conversando há horas naquela mesa de bar. Não quer deixar uma má impressão, ela é bonita, inteligente, feminina, ao mesmo tempo que parece convicta, madura, ela pode não gostar de um cara não tão maduro quanto você. Ele sabe das coisas. Ela sabe o que você está pensando, quer ver sua reação e ver sua ação.


Se esses personagens tivesse um nome neste momento, certamente batizaria-os como o nome, ambos, de Psicologia. É assim que ela é. Ela te ilude, ela faz você achar que você tem um pouco mais de "conhecimento" sobre o outro. E mesmo que ela te ensine que você não tem, que você não sabe, você acha que sabe, que ela mudou a sua vida e que agora você pode olhar para todo o mundo descobrindo o que tem nas entrelinhas de cada ato e palavra. Mesmo que não, mesmo que sim, é uma ilusão, uma paixão. Psicologia é puro jogo de sedução, é sedução pura, sensualidade.

É diferente de Letras, que é muito mais amor, que é muito mais toque do que fato consumado. É diferente de música, de teatro, de artes visuais, que é muito mais alegria, grito, novidade, mentira. É diferente de qualquer área das exatas, que é muito mais desespero, para mim pelo menos, e certeza. Onde existe certeza em alguma sedução? A única certeza é de sentir-se seduzido, nem certeza de que o outro realmente está nos seduzindo nós temos.

Um dia, num bar, num bar como esse que imaginei toda essa cena, conversando com dois amigos, um filósofo, por formação e natureza, e outro historiador, fingimos escrever um livro, o primeiro era responsável pelo capítulo da Filosofia das Paixões, o segundo, pela História das Ilusões, eu, certamente, adicionaria agora o Psicologia das Seduções, porque é o que ela é. Uma menina, jovem, mas já tem cheia de si, cheia de certezas incertas, cheia de poréns, mas também cheia de nãos e de sins.  Cheia de leis, embora ela mesma venha com discursos de liberdade. Um homem, maduro, mas solitário, em busca de uma moça, charmoso, sensual, mas só.

Psicologia é uma sedução, e eu caí nela. 

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