"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

domingo, 4 de janeiro de 2015

Entre quatro paredes e aos gritos


É assim que me sinto aqui em casa. Cada dia mais complicado.
Eu não sou uma pessoa maravilhosa também. Não sei fazer coisas domésticas, sou até mesmo preguiçosa para isso, reconheço. Acho que, em casa, este é o meu principal defeito. Meu irmão diz que eu não presto para nada, que sou uma tapada, inútil, e, bem, é melhor nem pensar ou escrever no que eu penso a respeito dele o quanto ele ajuda (só que não mesmo) na harmonia em casa, pois as frases e expressões que tenho são bem piores.

Agora, aos 21 anos, encontro-me nestes conflitos. Já saí e voltei para casa umas 3 ou 4 vezes. Cansa, dá trabalho. Ando pensando em sair definitivamente, mas aí fico naquela de não deixar minha mãe só com dois trabalhos. Um que realmente anda dando trabalho e só dará mais e o outro que acha que todo o mundo é trabalho, menos ele.

Papai está definhando. Esta é a verdade. Muitos anos bebendo e fumando, e agora, aos 61 anos, esquecendo-se de tudo, esquecendo do farol do carro ligado, esquecendo onde guardou/escondeu as coisas, esquecendo o nome da netinha, esquecendo tudo... Suspeito que seja Alzheimer e acho que é. Este mês de janeiro irei começar a luta de tentar levá-lo ao hospital. Assim como foi a luta para levá-lo na última parada cardíaca e no último inchaço de semanas nas pernas devido a falta de retorno venoso, seu coração e sua mente estão fracos, pai. Literalmente. E eu venho aguentando isso muito pouco.

Bem, o que dizer do outro trabalho: jovem e perdido. Perdido no sentido de: "ok, rapaz, o que você quer da sua vida, agora?". Já chega de usar essa sua folhinha, né? E esse que é legalizado também não te faz bem, criatura, logo você, que não trabalha para sustentar teus vícios e ainda é asmático. Sabe o quanto isso chega a ser patético? Não me importa tua opção sexual, sabia que isso é o de menos? A preocupação de todo mundo é: o que você quer ser? Como você vai se sustentar?! Já parou para pensar que você já tem praticamente 20 anos e nunca trabalhou em nada? não cai do céu, meu caro. E, ok, não somos obrigados a trabalhar aos 20 anos, devíamos só estudar, só que, pensando bem, em nossa situação, somos sim. Trabalhar faz bem, faz a gente crescer. E você vai ter muito mais moral para tudo. Mesmo que isso signifique pouca coisa.

Eu também não sou flor que se cheire. Eu grito, eu me descontrolo, a melhor forma que eu consigo para lidar com os xingamentos dia e noite, noite e dia, é um copão de café, muita atenção no notebook, a companhia do namorado, uma saída no final de semana e o lindo do fone de ouvido.

Esses últimas dias não tem coisa que mais me irrite do que ficar ouvindo que "sou fraca". Do que ficar ouvindo: "tu é inútil, porque não vai embora logo?". Eu acho engraçado. Quando eu tinha uns 12, 13 anos eu brigava com papai quase todos os dias pelos mesmos motivos e sabe o que eu percebi? Não adianta. Não adianta e aí eu parei. Lembro que li um livrinho chamado "Psicologia e a realidade da fé cristã" e percebi que não adiantava eu ficar discutindo com papai. Ainda brigo com ele às vezes, mas comparado ao que era antes... Então, por favor, para. Para de culpar ele, de culpar mamãe, pelo que acontece contigo, pelo o que tu é, pelo o que a gente não tem, pelo amor de Deus, não percebe que nada disso faz diferença nenhuma?

Vontade de ir embora não me falta, e não é porque eu sou fraca, não é porque eu não quero ficar, é porque minhas coisas somem e não tenho um espaço meu aqui dentro. Simplesmente isso. Além de que eu acho que cresceria bastante enquanto pessoa se eu dividisse um local com alguém. Ia ser legal.

Bem, chega de jogar tudo na parede. Vocês acham que isso tudo é verdade? É mais real, ou não, do que imagina nossa vã filosofia.

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