"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O Jesus que João me apresentou

Vinte e um capítulos, uma leitura sem ajuda de comentadores e uma pessoa um pouco mais madura relendo-o depois de mais de 3 anos. Este é um panorama geral da minha leitura de João, um dos evangelhos da Bíblia. É a segunda vez que o leio (e até o fim da vida, eu o lerei muito mais, espero!) e o fiz com muita calma... Um trechinho por dia, lendo e relendo os versículos e procurando algo novo, algo que talvez eu ainda não tinha visto, uma palavra que talvez signifique mais, um gesto que tinha passado despercebido e assim vai...



Em João, o discípulo que Ele amava, eu encontrei um Jesus cuidadoso, zeloso, amoroso e professor.
Um amigo, filho e Pai ao mesmo tempo.

Em João conheci um Jesus que sem pestanejar anuncia que se nos surpreendemos com um milagre ou um fato nosso sendo colocado à prova, quanto mais nos surpreenderemos quando virmos "o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem" (1:51).

Vi um Jesus furioso, sim, zangado com a quantidade de pessoas profanando o local onde o objetivo era adoração em todos os quesitos. Eu vi Jesus "perdendo a linha"... Seria o que diríamos hoje.

Conheci um Jesus que questionava nossa capacidade de transcender as palavras, que perguntava, afinal, se ele falou "de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais?" (3:12) Nunca antes me questionei sobre se eu mesma cria realmente, será que entendo de fato o que Ele quer me dizer?

Conheci um Jesus imensamente amoroso, afirmando não ter vindo para condenar, mas para salvar.
Conheci também João Batista reafirmando o pré-requisito do negar-se ao afirma que é necessário que Ele cresça e que nós diminuamos.

Vi Jesus conversando com a mulher samaritana, repudiável, desonrada, envergonhada, resignada talvez, tendo que improvisar a vida, buscando água ao meio dia para não correr, imagino, até risco de vida. E Jesus, um judeu, inimigo declarado, conversando ali com leveza e autoridade, oferecendo uma água viva, mostrando que, a despeito de tudo que ela fez, o melhor era o que ela podia ser: filha (4:9)!

Vi Jesus me ensinando a ser paciente e a viver uma coisa de cada vez, ao mesmo tempo mandando eu abrir os olhos e ver que "os campos estão maduros!" (4:35). Vi Jesus respondendo às orações, tendo compaixão, ouvindo as pessoas e dando conforto e segurança, afirmando a cura que ainda não se tinha visto (4:50).

Vi Jesus me dizendo que só Ele dá a vida e vida a quem Ele quiser, não importa o que eu pense, o que eu ache... (5:21). Vi Jesus dizendo que, embora o fato da morte seja certo para nós, já temos a vida eterna, já passamos da morte para a vida (5: 24).

Vi Jesus me dizendo que não importa o quanto eu leia, não importa o quanto este texto fique bem escrito, não importa quantas palavras eu traduza, não importa quantos fatos eu decore, se essa Palavra não verdadeiramente habitar em mim e eu verdadeiramente não for chamada, não a entenderei. (5:37 e 38).

Vi Jesus nos ensinando a identificar que, quem geralmente fala por si mesmo, fala demais. Vi Jesus colocando seus discípulos em situações conflituosas, não para o tentarem, mas para o provarem. Sendo um professor daqueles que não facilitam as coisas, mas que fortalece ensinando nas dificuldades (6:6).

Ouvi Jesus dizendo para eu ficar calma, pois não é por mim que se convertem ou começam a crer Nele, Ele me disse, que, afinal, quem atrai as pessoas é Deus (6:44).

Vi Jesus dizendo palavras que quem estava ouvindo julgou serem duras demais e imaginei uma cena linda, de Jesus olhando firme, forte e sério para seus discípulos e perguntando "E então, vocês, que estão me acompanhando há dias, que viram milagres, que estão sendo ensinados, que largaram tudo para me seguir... Vocês também não querem ir?" (6:67).

Conheci também Pedro. Quanto mais eu lia João, mas amava Pedro e me identificava com ele. Como pode um pescador ser tão querido por Jesus? Falava o que dava na telha, devia ser bruto, imagino... Que fazia as perguntas aparentemente mais bobas, mas as declarações mais firmes e verdadeiras, afirmava sim, que Ele é o Cristo, o Messias e não tinha medo de dizer: "Senhor, para onde iremos?" (6:68-69). Afinal, depois de conhecer Jesus, como voltar? Como voltar e esquecer de tudo? Como viver como se nunca tivesse ouvido nada daquilo, visto nada daquilo e, principalmente sentido nada daquilo? É a mesma pergunta que me faço até hoje e, pra mim, é um caminho sem volta, não tem como conhecer Jesus e depois esquecê-Lo. Ou nunca se conheceu...

Vi Jesus me ensinando mais uma vez a não fazer julgamentos por aparências (7:31).
Afinal, ele tinha sido reconhecido pela ralé, e não pelas grandes autoridades. (7:48-49).

Vi Jesus devolvendo a dignidade da mulher que foi pega em adultério, não a condenando, nem a apedrejando, mas lhe dando a chance de não ser mais condenada por causa do seu pecado. (8:11). E todos os dias eu preciso ler isso e não me apedrejar, não me condenar, porque Ele não a condenou, também o meu pecado não me condena mais.

Ouvi de Jesus que aquele que pertence a Deus, ouve o que Ele diz. Ouve. (8:47). Suas ovelhas o seguem, reconhecem sua voz... Ovelhas de todos os apriscos, de todas as cores, de todas as denominações, de todas as raças, de ambos os sexos, de vários sorrisos, de várias línguas, todas ovelhas...

Vi Jesus chorando pela perda de seu amigo. (11:35).
Vi Jesus servindo, dando o exemplo. Como posso eu não fazer o mesmo? (13:13-15).
Ouvi Jesus dizendo pra gente se amar. Falando para o meu coração ficar tranquilo, para crer Nele e crer que tudo ficará bem.  (14:27)

Também fiquei mais tranquila por ver Jesus dizendo que estamos todos ligados a Ele, a videira, e que ele corta o que é daninho e vai podando o que pode dar frutos para que dê mais ainda. Como isso tranquiliza! (15:2).

Vi Jesus fazendo uma declaração de amor aos seus discípulos, dizendo-lhes que ninguém ama do que aquele que dá a vida pelos seus amigos, e sendo crucificado logo depois... (15:13).

Ouvi de Jesus que, haverá um dia em que sofreremos perseguições e que muitos acharão justos as mortes que por causa disso acontecerão, e me lembrei dos meus irmão estudantes quenianos, sendo mortos recentemente...

Li a oração que Jesus fez por todos os crentes, rogando para que sejamos Um.
Não vi Jesus recuando diante das autoridades quando estava prestes a ser morto. Vi um homem tranquilo e firme, respondendo apenas o que tinha que responder, pois nunca tinha se escondido, pregava publicamente nas sinagogas e não estava fugindo. Tinha foco, sabia seu propósito.

Vi Pilatos confuso, imaginei o conflito interno, lavando as mãos, quase suplicando para que o homem ali em frente se defendesse e não tivesse que entregá-Lo a morte.

Vi Jesus aparecendo aos discípulos depois de ressuscitado dizendo que se eles perdoassem os pecados alheios, os deles seriam perdoados (20:23). Nada mais propicio... Imagine quantos não deveriam estar cheio de raivas e ódio daqueles que mataram o Rei?

E mais uma vez vi Jesus conversando com Pedro... Pedro, que cortou a orelha de um soldado por causa de Jesus e que em seguida O negou 3x. E que, imagino, deveria estar se sentindo a pior das criaturas, o mais falso e infiel... E Jesus conversando com Ele e perguntando se Ele o amava, e Pedro, sem poder dizer outra coisa, respondendo que sim... E sendo convidado para segui-Lo, mesmo depois de tê-Lo negado. (21:19).

Vi um Jesus cuidadoso, um Jesus amoroso, um Pai bem presente, que restaura aqueles se sentem indignos e que realmente são. Que conforta os corações, que consola, que te convida a Segui-Lo mesmo depois de você ter errado, que não te condena embora você peque, mas que te chama a abandonar essa vida e viver a vida eterna. Um Jesus amigo. Um Jesus que eu sinto tão perto, mas tão perto, que faz os meus olhos marejarem só de pensar no quanto eu não mereço esse infinito amor.

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