Opiniosidades: sobre redes sociais e o cansaço

O que comumente costumamos ler é que as pessoas estão tomadas por esse universo. As relações estão enfraquecendo, os costumes se perdendo, os amores se desfazendo e por aí vai. A rapidez das informações, a divulgação excessiva de si e de tudo... É sobre isso que lemos. Começamos a ver o quanto esse mundo é nocivo, o quanto nos afasta das pessoas e das coisas que gostamos, ao mesmo tempo que não conseguimos mais nos ver vivendo sem ele.

Embora todas estas questões sejam verdadeiras, tenho visto que um número ainda relativamente pequeno de pessoas está indo na contramão deste movimento, mesmo fazendo parte das redes, fazendo aquilo que é muito mais difícil do que simplesmente abandonar. É um grupo pequeno, mas crescente, de pessoas que decidiram dosar, equilibrar e selecionar.

Dosando
Trabalhei por quase dois anos como analista de redes sociais, durante uns estudos sobre o assunto e orientação da minha chefe na época, ouvi uma frase que nunca esqueci: o mundo virtual é uma extensão do mundo real. Isso é, óbvio, o ideal, porque geralmente o mundo virtual vira o nosso "mundo real", só nas nossas ideias. Lá tudo é mais bonito e movimentado.

No mundo virtual conseguimos ler tudo, ouvir tudo e ainda assim conseguimos ir a eventos, participar de tudo e etc. Fiquei me perguntando, no mundo real, nós gostamos que todos saibam do que estamos fazendo? Por exemplo, você gosta quando seu vizinho quer saber da sua vida? Você quer que aquela sua tia chata fique sabendo de tudo o que você faz? Se no mundo real mal cumprimentamos as pessoas ou sequer visitamos nossos parentes, quanto mais compartilhar os bons e os maus momentos da vida! Mas no mundo virtual tudo isso acontece frequentemente!

Para quem tem a síndrome do "não me importo com o que pensam sobre mim", não importa também responder a essas perguntas. Mas a questão é que não há necessidade de você querer mostrar tudo o que você faz para todos. Uma coisa é "eu quero mostrar" outra é "eu preciso". Ninguém precisa disso. Nós geralmente queremos. O que me fez pensar muito em quanto isso é pura vaidade, ego e etc. O compartilhar de momentos importantes da nossa vida  é legal quando é feito com pessoas que amamos. Assim que acontece no mundo real, geralmente quem sabe o que acontecendo conosco são as pessoas mais próximas da nossa vida. Mas no mundo virtual, gostamos de mostrar tudo a todos.

Fiquei refletindo sobre isso estes dias e com algumas conversas cheguei à conclusão que muitas vezes, dosar a divulgação das nossas opiniões e atividades é uma questão de privilegiar, uma forma de demonstrar carinho e consideração àqueles poucos que têm acesso a estas informações.

Equilibrando

Para isso, tudo depende de um equilíbrio: não significa não postar nada, nem excluir todo mundo, mas talvez postar para determinadas pessoas ou para todos postar apenas algumas coisas. "Ah! mas não quero nem tenho por que me esconder!" Mas o quanto, no mundo real, você divulga de si mesmo? Será que não são as redes sociais que são exageradas?

Selecionando

Não é porque você faz parte de uma rede social que a partir de agora tudo o que você faz tem que virar uma história mirabolante e precisa ser divulgado. Eu percebi que muito das redes sociais, muito mesmo, é pra inflar o nosso próprio ego, pra nos encher de vaidade, pra mostrar o quanto somos legais. A regra do selecionar vale a pena também para informações. Seguir páginas interessantes e necessárias é suficiente!

Já há algum tempo desativo pessoas do meu feed de notícias do Facebook, aí comecei a colocar as pessoas em listas, e algumas até restringi mesmo (ainda são "amigas" na rede, mas não têm acesso a nada que coloco). Foi um alívio muito grande. Minhas fotos, por exemplo, apenas algumas pessoas olham. As curtidas diminuíram? Ah, sim, consideravelmente. Mas e daí? Quem olha agora são apenas pessoas que eu faço questão de saberem de alguma coisa da minha vida, com quem eu tenho prazer em compartilhar. Quem quiser tentar, recomendo.