"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sobre borboletas na barriga... e a falta delas.


Borboletas na barriga. Eu já tive. Muito rapidamente, não estou querendo dar uma de durona. Eu tive sim, quando eu tinha 15 anos e me apaixonei pela primeira vez. Agora não tenho borboletas na barriga, eu prefiro ter borboletas no cérebro.
Sirlaney.
Por favor, entenda-me: não é isso de ser puramente racional, de não verificar os sentimentos... Mas, é preciso reconhecer: sentimentos são perigosos e enganosos. Não se pode tomar decisões por eles nem pela ausência deles. Há de se levá-los em consideração, sim, há. Mas eles não podem ser base para algo.

Parei de sentir borboletas na barriga quando eu descobri o que eu queria sentir: não tinha nada de borboletas, sabe? Eu queria sentir outra coisa, eu queria sentir a certeza, eu queria sentir segurança, eu queria sentir alegria, eu queria sentir que, independente do que aconteça, ele vai estar lá.

Acho que borboletas aparecem diante do desconhecido. De fato todo outro é em certa medida um desconhecido para nós, mas a verdade é que borboletas aparecem, percebam: no mistério, no jogo, no não-sabe-o-que-é e também no acho-que-não-é-hora-de-falar-isso-agora. E ainda nos momentos em que nos pegamos pensando: "O que será que ele(a) vai achar de mim?". Aí aparece aquela coisa, aquela coisa que a gente não sabe definir e poeticamente chama de "borboletas na barriga".

Eu não anseio mais por elas, porque no final das contas, elas somem. Borboletas têm pouco tempo de vida. Há um texto aqui em que falo que não sabia se ainda tinha paciência de começar alguma coisa, pela falta de paciência... Não tenho paciência para muito mimimi de início de namoro, gosto daquilo que um namoro mais sólido há de construir: aquela coisa de "eu sei como ele pode reagir", "eu sei o que comprar de presente". Isso é tão mais legal que essas borboletas iniciais. Outro dia falei: "tu não vai comprar teu bolo de cenoura com cobertura de chocolate?", ouvi como resposta: "tu já me conhece demais!". E rimos! Isso é muito melhor que borboletas... Quando a gente tem liberdade para conversar, pra ser mais amigo, para falar sobre tudo e perguntar e responder, e sonhar e planejar, você vai ter muito mais que borboletas na barriga, você vai ter um romance de verdade, para além das borboletas, porque o jardim vai ser muito grande, elas não serão suficientes.

Não ter borboletas é permitir-se amar com menos. E não há nada de errado nisso. Pensando bem, borboletas são construídas socialmente, O que diaxo é isso que o povo chama de borboletas? Acredite, seja lá o que for, com certeza, não foi sempre assim. E, acredite, a gente ainda tem resquícios de um amor medieval que é incrivelmente... no mínimo esquisito demais para o meu padrão. E é sobre isso mesmo: padrão. Por que um padrão para algo que é só entre vocês? Por que insistir em querer ter borboletas na barriga? Vai com fé, é disso que se precisa, não de borboletas. Fé, confiança, companheirismo: mais do que borboletas. Borboletas eram apenas larvinhas nojentas que depois têm asas bonitas, mas morrem cedo demais (e se você chegar bem perto das borboletas, elas não são tão bonitas assim).

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