Joanne absorta no mais recôndito dos seus pensamentos procurava lembranças, palavras, algo que não a deixasse esquecer daquele sorriso, lacônico, bucólico, até mesmo fúnebre. Com ele ela aprendeu a reconhecer a beleza no mais atroz dos sentimentos, pois "o sentir é essencialmente humano", ele dizia, e agora, depois de sua partida, o sentir não passava de uma concepção conspurcada da sua nostalgia. As suas pálpebras pesavam, o seu temor se realçava e a sua paixão por ele a atormentava.
Ensimesmada, decidiu crer com veemência que o passado não podia ser vivido novamente, e por mais triste que fosse, restava apenas esquecê-lo, e lembrar apenas que ela sim, estava viva, e que isso significava aproveitar o seu tempo com avidez, deixar de lado todas as atitudes e as palavras frívolas. Porque, afinal, a existência era para muitos, mas o viver para raros, e ele merecia os dois, mas não estava ali.
Apesar de concluir que isto era o melhor a se fazer, não fez, pois esquecer tudo o que ele fez, tudo o que ele era, seria o estopim para a sua desintegração. Pois ela inteira era ele, ela inteira vivia ele, e sem ele, ela seria apenas ELA, sem enfeites, sem atrativos, como a perda seria também sem sentido.
Joanne jamais se permitirá perder de vista o impreciso horizonte que sua lembrança a traz vez ou outra. Seu passado constituía o seu ser, e era o mais lindo existente. Ela ama com apetência, com avidez, eternamente.
Joanne o ama, o vive. Vive assim.
Steffi de Castro
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Meu segundo conto, o primeiro publicado aqui.
4 comentários:
parabéns pela crônica...
Gosto desse toque de descrever bem os sentimentos, usando uma serie de sininimos... tá um seção que a coisa é mais forte do que parece.
=)
como acharam? :d
belo texto!
Olá!
Parabéns pela crônica. Desejo que vc escreva e publique outras tantas aqui no seu blog.
Abraço
Ahhh, mais você é tão linda parece um Pikachu mesmo [a]"
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