"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Afasta




É bem possível que eu tenha dormido
E me esquecido do que antes vivi
Melhor seria ter mesmo perdido
Memórias do que eu néscio decidi
Decido agora que eu não lembro mais
Decido agora que eu nego tudo
Todas as decisões erradas deixo pra trás
E sigo cego, surdo e mudo

Eu bem queria poder de novo escolher o certo
Eu bem queria poder de novo escolher o Cristo
Eu queria poder de novo ver pai, mãe, família
Eu queria poder ser tudo o que o pai gostaria

É bem provável que eu esteja aturdido
Esteja cego pra um futuro bom
Ainda talvez tenham me confundido
As mudanças de ar, cidade, tom

Decido agora que eu não quero mais
Viver sozinho, triste, entorpecido
Pelo vazio, pelo estranho vão
Que me deixaram bem no meio do coração

Eu quero deixar de viver tão ébrio, abatido
Eu quero Cristo aqui perto escutando ao pé do ouvido
O meu pedido de socorro sussurrado em choro
Vem por favor em meu favor
Vem por amor em meu favor
Conjura a dor
Afasta


terça-feira, 23 de julho de 2013

Ela não usa.

Ela nunca gostou, nunca se sentiu à vontade. Demorou pra se acostumar.

No começo, como toda menina, deu valor, afinal, era o primeiro.Tinha que guardar de algum jeito, é uma memória, é um marco na vida de qualquer garota, faz toda a diferença...

Algumas amigas haviam afirmado que depois disso os meninos começariam a olhar diferente... Isso até parecia interessante no começo. Ela tentou, mas não se acostumou. E até hoje é assim. Só de vez em quando e se for extremamente necessário, se não tiver outro jeito ela se rende.

É uma coisa que aperta, avoluma, sufoca... E tem de todo tipo, tamanhos, formatos, tecidos... Pra quê tudo isso? Ela se sente abençoada, é verdade, porque tem uma alegria tamanha de saber que no momento não precisa dele! E enquanto não precisar, não precisará, não inventará precisão alguma. Não adianta dizerem que é importante, que faz bem... não adianta.

Pra ela tanto faz, sabe? E algumas pessoas confundem isso com outra coisa.
Não é técnica de sedução, não é pra se exibir, não é pra nada disso.
É só pra não se sufocar, é só pra não perder esse tempo aqui presente, é só pra se sentir mais livre!

E é só por isso que ela não usa soutien. E deve ser por isso que queimá-lo foi tão certeiro pra simbolizar essa tal liberdade...

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Rejeição



É um dos piores sentimentos para uma mulher sentir. Sentir-se rejeitada é uma facada na autoestima de qualquer uma, é uma dor que dói fundo e devagar... Ter a certeza de que não se é querida, de que não é amada, de que não é a escolhida, é a pior sensação que uma mulher pode sentir. A gente fica tentando encontrar paliativos pra isso: "mas eu sempre soube que ele não queria isso", "eu nunca me iludi quanto a isso", "eu também só estou me divertindo...".

Não é bem assim. Querendo ou não sempre criamos expectativas, sempre esperamos algo a mais, sempre nos preparamos para esse momento que exigirá de nós talvez um "Não" bem firme pra ele porque realmente não estamos a fim, ou seja, mesmo que  a gente não queira nada, a gente sempre acaba, sem perceber, esperando que o outro queira. Só pra ter o trabalho de dizer não. Ou o prazer, pra algumas. Mas pra essa reação, primeiro a ação. E quando ele nem age? Pior é quando age, deixa tudo tão claro, tão visível, que logo perde a graça, que você logo percebe que mais um, mais um!, só quer te usar e pronto e acabou.

Quando o cara é um pilantra, tudo bem, você pensa, essa eu vou deixar passar porque de qualquer forma não daríamos certo. Mas e quando o cara é legal e ele simplesmente não te dá bola?! E não importa quantas conversas você comece, não importa quanta atenção você dê... Ainda mais depois que você teve aquela impressão "ele me olhou, ele puxou conversa, ele me chamou"... Mas agora ele nem responde. Rejeição. O que foi que você fez de errado pra isso acontecer, hein?

Mulher é um bicho muito complicado, que quer tudo e não quer nada, só não quer ser rejeitado.



Mas sabe, depois de tanto tempo sendo rejeitadas de tantas maneiras: pela falta de atenção, pela falta de respeito, pelas trocas pelas outras, pelos dias sem encantamento nenhum, pela sensação de ser um peso, pela certeza de estar sendo apenas um "porto seguro", depois de perceber que tudo o que se tinha mais legal foi oferecido e rejeitado a partir do momento em que não foi reconhecido, aí você começa a querer rejeitar também. Não é certo, é vingança. Não é certo. Mas é assim que se começa a agir, sem nem pensar, a rejeição, a desilusão,



Desassossegada.

Mais um daqueles links que aparecem no seu feed e você abre sem dar tanta importância. Aquelas perguntinhas que aparecem e você responde com certas dúvidas, às vezes nem encontra a resposta que queria, mas tudo bem... O resultado parece ainda assim ser bem certinho.: QUE POEMA DE FERNANDO PESSOA É VOCÊ?

O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares
(Heterônimo de Fernando Pessoa)
A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida. Isto não vem a propósito de nada.

Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos. Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui! E os gloriosos, que mesquinhos! César, salvo da morte pela generosidade de um pirata, manda crucificar esse pirata logo que, procurando-o bem, o consegue prender. Napoleão, fazendo seu testamento em Santa Helena, deixa um legado a um facínora que tentara assinar a Wellington. Ó grandezas iguais à da alma da vizinha vesga! Ó grandes homens da cozinheira de outro mundo! Quantos Césares fui, e sonho todavia ser.

Quantos Césares fui, mas não dos reais. Fui verdadeiramente imperial enquanto sonhei, e por isso nunca fui nada. Os meus exércitos foram derrotados, mas a derrota foi fofa, e ninguém morreu. Não perdi bandeiras. Não sonhei até ao ponto do exército, onde elas aparecessem ao meu olhar em cujo sonho há esquina. Quantos Césares fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores. E os Césares que fui vivem ainda na minha imaginação; mas os Césares que foram estão mortos, e a Rua dos Douradores, isto é, a Realidade, não os pode conhecer.

Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que se me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro – tantos, sem se entenderem, e todos certos.

Quão pouco, no mundo real, forma o suporte das melhores meditações. O ter chegado tarde para almoçar, o terem-se acabado os fósforos, o ter eu atirado, individualmente, a caixa para a rua, mal disposto por ter comido fora de horas, ser domingo a promessa aérea de um poente mau, o não ser ninguém no mundo, e toda a metafísica.

Mas quantos Césares fui!”

(27/06/1930; em “Livro do Desassossego”)

Tranquilidade.



Tem épocas que não consigo simplesmente PARAR. Às vezes não posso, há muito pra se fazer, às vezes não consigo mesmo. Meu pensamento vai a mil por hora, milhares de coisas passam pela minha cabeça pedindo para serem feitas. Estou exausta fisica e mentalmente.

Nesse mundo globalizado em que vivemos "não parar" parece ser uma característica muito agradável e requisitada. As organizações, a vida!, desejam de você cada vez mais feitos, às vezes simples, mas se pararmos pra pensar, tornam-se até extraordinários diante de tanta coisa que é pedida e cumprida (às vezes meio torta, pela metade, mediocremente, mas feita). Quem não consegue "parar", quando encontra algum tempo ocioso precisa preencher, e pior: se tem tempo ocioso, acha que aproveitá-lo dessa maneira, ociosamente, não é ganho, é perda.

Eu tenho tido muitas dificuldades de dar uma pausa, e cada dia que passa eu percebo que mais preciso dela. Eu desejo essa essa pausa, eu quero "parar", mas ao mesmo tempo que quero, não quero, não consigo. É aquilo de achar que não está se fazendo o suficiente, que se está reclamando por pouca coisa.

Nem nos damos conta de como agir dessa maneira começa, aos poucos, a valer para todos os pontos de nossa vida. O que antes era um modo de agir somente no trabalho ou na faculdade (onde procura se fazer tudo, não deixar nada pra depois, lidar com prazos de chefes e professores que não estão nem aí se você está ocupado ou cansado) agora começa a fazer parte de tudo o que você faz, em todos os momentos. Existem mais demandas do que mãos e mentes. Até a dinâmica familiar perde aquele quê de "aqui posso descansar!"... Que nada! Você chega em casa com aquele pensamento: "tenho que dar atenção pra esse povo, porque amanhã tenho isso, isso e mais isso pra fazer!". Vira uma obrigação.

Hoje lembrei de Eagles e lá fui eu baixar discografia, ouvir todos os álbuns, ler as letras das músicas... As coisas mais pequenas me dão trabalho. Li um texto interessante, lá vou eu buscar todos os outros textos desse mesmo autor, descubro livros, tenho que marcá-los no Skoob para não esquecer de que um dia terei que lê-los! Descobri uma nova ilustradora, como não desenho, gosto de ver trabalhos de gente que desenha bem, lá estou eu vasculhando o site dela, saio indicando tudo pra todo mundo, encontro amigos com quem comentar, pronto, conversas! Tem um evento pra semana que vem, estarei lá, não sei como, pois precisarei estar na faculdade também, mas estarei nos dois lugares, vou dar meu jeito. Uma pessoa amiga me conta algo que necessita de minha atenção, preciso estar perto, um velho amigo reaparece, preciso estar perto também. E o coração? Ah, o coração é o que menos se acalma. Se empolga com qualquer bobagem, quer ficar fazendo alterações a todo momento, não tem paciência...

Tenho mais de 20 ícones de links de blogs na minha barra de favoritos, não consigo acordar e não sequer ler pelo menos um texto de cada blog. Só não leio quando nenhum me interessa mesmo ou não tem nada novo. E aquela pressão de se começar um texto e TER que terminar de lê-lo. Minha consciência não é minha aliada. Ela me diz: "Não tô nem aí se você tem outra coisa pra fazer, você começou a ler agora precisa terminar." -Mas ele nem é importante, posso ler depois! - argumento, ela não quer nem saber. Eu me forço a terminar o texto, eu me forço a terminar de ouvir a música ou de assistir o vídeo. Eu me forço. Era pra ser divertido, mas eu me forço. E quando termino, aquela sensação prazerosa de: li mais um bom texto! Mas até que ponto é bom? E quando não tenho nada pra ler? Fico em desespero. Tenho boas velhas amizades e ultimamente tenho feito novos amigos também, trocamos artigos de qualquer coisa, isso me acalma, preenche esse tempo que eu deveria estar... Dormindo? É, quase não durmo mais. Durmo muito tarde, acordo tarde... É um horror. A primeira mudança que sei que tenho que fazer começa bem aí.

O fato é que, sem percebermos, vamos criando rotinas que deveriam ser agradáveis e nos dar bons frutos, mas que acabam nos prendendo e nos sobrecarregando. É preciso parar. É preciso dar uma pausa nos pensamentos, dar uma folga pro sentimento. Mas como? Se há tanto para fazer? Se há tanto pra viver!?

A vida anda uma bagunça só. A minha pelo menos sim. Eu quero agarrar o mundo com as mãos, quero conhecer tudo, quero ler tudo, quero entender tudo... 

É necessário que todos nós, em algum momento da vida, possamos vivenciar o ócio, criativo e contemplativo, se quiser chamar assim; possamos viver esse tempo, mesmo que curto, de não ter com o que preocupar-se, de não ter o que ler, o que ouvir e não dormir! Ficar acordado assim, sem nada. Pra esvaziar mesmo. Quase meditação. É quase isso que sei que estou precisando. Mas adivinhem: eu sei que preciso, eu sei que será bom, mas eu não quero.

Como disse a Karina Lima no falecido "Mulherices":
"Tenho que tomar um porre pra esquecer metade das coisas anotadas na minha mente burocrata.  É urgente.   :-)"

domingo, 21 de julho de 2013

Na casa da minha avó.

Na casa da vovó sempre tem muita gente: são filhos, netos, bisnetos, genros, noras, afilhados...  É uma barulheira só! A família é muito grande!

Em dia de festa quase não dá pra andar direito no corredor. O jeito é deixar a criançada ir pra rua mesmo! Os tios querem assistir o futebol, as primas querem brincar de casinha com a casa toda, as tias querem arrumar a casa o tempo todo e fazer comida só pra sujar a louça e a vovó... Bem, a vovó só quer um pouco de silêncio, porque ela gosta da correria, ela gosta da brincadeira, ela gosta da companhia dos filhos e netos, mas tem hora que ela cansa e quer dormir, ou simplesmente quer assistir a novela das seis.

No meio desse fuzuê danado sempre acaba rolando uma discussão.
“Esse brinquedo é meu!” – diz o Netinho
“Mentira! Deixa de ser mentiroso, Neto!” – diz a Marjorie.
“Não fala assim com meu irmão!” – a Clara defende.
“Não biga! Não biga!” – começa a gritar a Ester já toda irritada.
“Papai, papai! Ó, ó!” – o Gabriel tenta explicar, mas é pequeninho, ninguém presta atenção...

A vovó olha tudo, entende tudo, mas parece que ninguém está ouvindo o que ela quer dizer. Quando menos se espera lá vem a tia Jaqueline pra colocar ordem na bagunça:
“Mas tia, ninguém falou isso!” – a Marcela tenta resolver as coisas.

Em dia de festa na casa da minha avó tudo parece briga e tudo resulta em riso. A criançada vai pra casa cansada e suada, zangada ou feliz. Os tios e tias vão cheios de história pra contar depois de um dia inteirinho no barulho, mas é claro que as que ficam até um pouco mais tarde estão super zangadas porque ninguém ajudou a lavar a louça e ainda por cima deixaram a sala uma bagunça só.
Família grande é assim mesmo. Você tem história sobre tudo. Você tem exemplo de tudo. Tem gente que não entende isso, tem gente que não entende porque toda vez você tem que dizer: “eu tenho um tio...” ou “eu tenho uma prima...”, é uma pena mesmo não entenderem, porque família grande dá trabalho, deixa a gente com raiva muitas vezes, mas é a melhor coisa que tem, é muito divertido também!

Steffi de Castro
16/7/2012



















Os piores, melhores, mais engraçados, pra sempre momentos, eu vivo ali, na casa da minha avó. ♥

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O lugar para ser criança

Aquela loirinha esperta não era boba nem nada! Ela sabia muito bem que ali ninguém poderia detê-la. Estava decidida a salvar todos do poderio sombrio da megera daquele país. Diziam as más línguas que a rainha daquele reino tinha algum problema com aquelas pobres crianças, dizia que estavam sempre sujas, que cheiravam a pó, que não podia ficar perto nem podiam ser tocadas por ninguém porque o leve toque numa criança pobre daquele jeito resultava em grande alergia! A loirinha decidiu que não agüentava mais! Ela sabia que precisava arranjar um lugar onde todas pudessem ser abrigadas. E ela sabia exatamente onde era este lugar. 

A loirinha, com seus cabelos crespos   cachinhos que enrolavam tanto que a gente nunca sabia qual era o comprimento de verdade - era zangada, era inteligente, fazia muitas perguntas e afirmava muita coisa também. Ela tinha um lugar só dela, um espaço que ninguém podia ultrapassar, tinha uma barreira invisível ali. Neste espaço ela se protegia de tubarões, se escondia dos monstros mais horrorosos que pudessem existir. Neste espaço ela podia colocar as pessoas doentes, podia ajudar crianças, dormir, comer e ler em paz. Era o lugar perfeito. E o melhor de tudo: a rainha não tinha poder ali. Nenhum. A grande deusa tinha presenteado a loirinha com aquele lugar encantando. Estava decretado pela deusa, que era muito mais poderosa que a rainha, que aquilo era propriedade da loirinha! Que ela podia fazer o que quisesse e ficar ali pelo tempo que lhe fosse conveniente. Foi o melhor presente já dado por uma deusa ao uma pequena mortal.

Vários outros protegidos da grande deusa já tinham sido presenteados com os mais diversos utensílios: transportes incríveis, roupas mágicas, livros de encantamentos, cadernos de feitiços... Alguns poucos tinham ganhado lugares especiais também, assim parecidos com o da loirinha, mas nenhum tinha tomado tamanha proporção de importância como o lugar da loirinha. Aquela loirinha era inteligente. Muitos não tinham dado tanta atenção àquele espaço sem graça, mas ela enxergava além! Ela enxergava muito além, porque ela sabia para que usar aquele lugar lindo. Está bem... Não era tão lindo assim, mas ia ser de muita serventia!
A loirinha não perdeu tempo em transportar pouco a pouco todas as pobres crianças do reino para seu pequeno recanto. Primeiro explicou a elas que o lugar não era lá essas coisas, era bonitinho, limpinho, mas não era muito grande, no entanto, dava pra todo mundo viver em paz fazendo o que quisesse desde que não houvesse desentendimentos. As pobres criancinhas adoraram a idéia! Afinal, para elas não importava como era o lugar, estavam felizes por terem um lugar! Estavam felizes por terem um lugar onde pudessem se esconder, onde pudessem brincar! Brincar, brincar, brincar, brincar, brincar o dia todo!

Lá estavam a salvo de sacis, de rainha, de vermes, de tudo o que podia atrapalhar a alegria de uma criança! Às vezes uns pouquinhos ousavam adentrar e bagunçar a paz daquele lugar, mas com coragem e ousadia a loirinha saberia resolver a situação. Um simples “sai!” resolvia tudo! Aquele lugar era a verdadeira expressão do que era ser criança! Ali podiam ser tudo! Ali podiam fazer o que quisessem, ali ninguém brigaria se a loirinha pegasse todas as suas bonecas, pobres crianças daquele reino, e as colocasse sentadas, jogadas... Ali a mamãe, a rainha daquela casa, ficava mais tranqüila, afinal, era tudo brincadeira, ela estava concentrada e quieta em seu lugar, e outra coisa, a vovó Deinha, a grande deusa, foi quem deu aquele lugar de presente e ela não podia fazer nada para retirá-la dali já que esta era a fonte dos sorrisos da loirinha. Ali naquele lugar, ali naquela rede, a loirinha podia se embalar o dia todo, se sentir uma princesa, se sentir uma adulta, balançar suas bonecas, ler, dormir, ouvir Toquinho e descansar tranquilamente... Ali, naquela rede, não havia nada de errado.

Quem ligava pra uma rede? Qual era o problema de se ter uma rede? E não havia crescido sempre com uma rede do lado mesmo? Agora que não viessem reclamar se a loirinha, com toda a sua criancice e autoridade, tomava partido por seu lugar, que não viessem reclamar se foi numa rede que a acostumaram a ser embalada antes de dormir, que não reclamassem se ela virou a menina da rede, a indiazinha, a loirinha da rede. A dona do lugar encantado.

Steffi de Castro

Para Esterzinha, minha priminha, hoje com 4 anos. Na época deste texto ela tinha 3 aninhos e havia ganhado uma rede de presente da avó, o lugar perfeito para ser criança: uma rede, que ela ficava o dia inteiro e não podiam desarmar de jeito nenhum.

Por que crescem?





terça-feira, 16 de julho de 2013

U2therapy

Havia me esquecido, por pouco tempo, que fique claro, o quanto U2 me entende e me ajuda! Passando, de novo, por uns perrengues básicos, fui ouvir aquele álbum fofinho, cheio de singles, da amada e renomada banda, eis All That You Can't Leave Behind, de 2000.


Stuck In A Moment:

I'm not afraid of anything in this world
There's nothing you can throw at me that I haven't already heard
I'm just trying to find a decent melody
A song that I can sing in my own company
Eu não tenho medo de nada neste mundo
Não há nada que você possa me dizer que eu não tenha ouvido antes
Eu só estou tentando achar uma melodia decente
Uma canção que eu possa cantar sozinho

I never thought you were a fool
But darling, look at you
You gotta stand up straight, carry your own weight
These tears are going nowhere, baby
Eu nunca achei que você fosse uma tola
Mas, querida, olhe para você
Você tem que se levantar, carregar seu próprio peso
Estas lágrimas não vão te levar a lugar algum

You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment and now you can't get out of it
Don't say that later will be better now you're stuck in a moment
And you can't get out of it
Você tem que se recompor
Está presa numa fase e agora não consegue sair dela
Não diga que você vai melhorar depois, agora você está presa numa fase
E não consegue sair dela

E aí vem Walk On, linda como sempre, me dizendo o que pensar:

And if the darkness is to keep us apart
And if the daylight feels like it's a long way off
And if your glass heart should crack
And for a second you turn back
Oh no, be strong
E se a escuridão for nos separar
E se a luz do dia parece estar muito longe
E se seu coração de vidro se partir
E por um segundo você quiser voltar atrás
Oh não, seja forte

Walk on! Walk on!
What you got, they can't steal it
No, they can't even feel it
Walk on! Walk on!
Stay safe tonight
Continue em frente! Continue em frente!
O que você conquistou eles não podem te roubar
Não, eles não podem nem sentir isso
Continue em frente! Continue em frente!
Mantenha-se segura esta noite.

Kite, uma melodia tão doce como uma criança, Bono é perfeito nessa música.

Something is about to give
I can feel it coming
I think I know what it means
I'm not afraid to die
I'm not afraid to live
And when I'm flat on my back
I hope to feel like I did
Alguma coisa está a ponto de se entregar
Eu posso senti-la chegando
Eu acho que sei o que é
Eu não tenho medo de morrer
Eu não tenho medo de viver
E quando eu estiver incapaz
Eu espero sentir que vivi

And hardness, it sets in
You need some protection
The thinner the skin
E por mais difícil que pareça
Você precisa de um pouco de proteção
Para a pele mais delicada

I want you to know
That you don't need me anymore
I want you to know
You don't need anyone, anything at all
Eu quero que você saiba
Que você não precisa mais de mim
Eu quero que você saiba
Que você não precisa de ninguém, de coisa nenhuma

In The Little While:

Slow down my beating heart
Slowly, slowly love
Faça meu coração bater mais devagar
Devagar, devagar, amor

E então, depois de tanto sofrimento, dúvida, medo, culpa, GRACE ♥

Grace, she takes the blame
She covers the shame
Removes the stain
It could be her name
Graça, ela assume a culpa
Ela cobre a vergonha
Remove a mancha
Poderia ser o nome dela

Grace, it's the name for a girl
It's also a thought that changed the world
And when she walks on the street
You can hear the strings
Grace finds goodness in everything
Graça, é o nome para uma menina
Também é um pensamento que mudou o mundo
E quando ela anda na rua
Você pode ouvir os violinos
Graça encontra bondade em tudo


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sou a favor.

Sou a Favor


Eu sou a favor de você gostar de mim,
Sou a favor de você puxar conversa,
Sou a favor de você perceber que temos tudo a ver,
Sou a favor de você ficar com receio por causa do meu jeito,
Mas ainda assim tentar.

Sou a favor de você não mudar o papo
Mudar o tom;
Sou a favor de você não dar tchaus e não me desmerecer,
Sou a favor de você não achar que sou v1d4 l0k4
Ou que minha vida é louca e então fugir.
Sou a favor de qualquer encantamento que seja de verdade,
Por mim mesma, não pelo que disseram
Sim pelo que viu.

Sou a favor de um romance de vez em quando,
Sou a favor de ele até ser com você,
Sou a favor de tentar algo mesmo com tanta diferença aparente
Até porque eu sei, eu sei que você me entende.
São os mesmos gostos, quase a mesma mente.

Sou a favor de algo desse jeito,
Só porque você foi escolhido.
Sou a favor de que você não demore muito também,
Porque aí eu me desobrigo.

Desobrigo o coração e o pensamento
A fazer qualquer planejamento.
Desabrigo isso que eu estou sentindo
E estou querendo.
Desobrigo, desabrigo.



Steffi de Castro

Fotos de la biografía | via Facebook


Para o escolhido, ele não vai saber que é ele.

domingo, 14 de julho de 2013

Mulheres Machistas

Primeiro é precisa explicar essa definição: mulher machista. Eu acho que me enquadro nessa quadro, e mesmo que não ache, já me enquadraram nele. Estou do lado dos homens, quase sempre. Mulher é muito complicada. Estou quase sempre do lado deles [por isso as namoradas geralmente não gostam de mim], mas eu entendo as mulheres também, sou uma delas, afinal, tenho quase os mesmos anseios e as mesmas dúvidas, mas sou machista, eis a diferença. Sou quase um machinho, admito. Eu rio e faço piadas masculinas, eu dou conselhos a eles, e nem sempre é como "agradar" a moça, mas como "agradar" sem se anular. O problema de pessoas assim como eu é que um tempo depois eles começam a falar na sua frente coisas que não falariam na frente de outra mulher, você ganha a confiança e fica sabendo de tanta coisa... que perde o encanto esse mundo deles, apesar de parecer muito mais divertido. Amizade de homem é muito boa! Eu recomendo. E é possível sim. Já me disseram que se sentem tão à vontade que nem parece que sou mulher! Eu levei como um elogio... É melhor assim.

O problema de ser assim é que também se quebra todo o encanto, não se tem paciência pro tempo do outro, não se tem tantas dúvidas quanto ao próximo passo, não se encanta com qualquer romantismo, não abre mão de muita coisa, não gosta de perder tempo, não enche os olhos d'água com qualquer besteira... Mas se surpreende quando alguém começa a gostar de verdade, que é raro. Se surpreende quando alguém de fato se interessa, porque é raro.

Mulher machista não nasce machista, cresce em comunidade machista, aprende a ser machista, sofre com o machismo e se torna um deles. Mulher machista é divertida, corajosa e realista, só não é pra namorar... Pelo menos é o que parece.

❃ ✳ ❂ ❋ | via Tumblr

Meio homem, mas ainda quer amar.

Quando decidi que não dava mais, um dos meus medos era de ficar tão dura e desiludida a ponto de não acreditar nem dar valor a tanto romantismo. Eu tinha esse receio e com o tempo eu fui realmente ficando assim. Estou um pouco assim ainda. Eu olho os casais se formando e não consigo não criticar, não consigo não achar uma bobagem, não consigo deixar passar, pelo amor dos primeiros meses, tantos erros.

Ah, os primeiros meses! Os primeiros meses são só alegrias num namoro, aquela vontade de ficar junto o tempo todo, aquele frio no barriga quando ele chega, aquela ansiedade por ele ainda não ter chegado e o medo de tocar em um lugar proibido, ainda não conversado, o medo de falar algo que bote tudo a perder, o receio de não fazer o que agrada o outro, o ciúmes repentino, o piti sem sentido nenhum, as tentativas de explicar algo que não tem explicação, objetivo nem necessidade... Ah, os primeiros meses! Os primeiros meses, aqueles emque tudo é tão bonito, que qualquer coisa que o outro faz é linda e fofa. Oh, engano! Às vezes é tão idiota e tão simples, nada de extraordinário, que até me faz rir. Eu critico, eu fico olhando tudo isso porque eu já passei por isso e não acredito que seja tudo tão diferente... Não é igual, mas também não é exclusivo. Se fossem tão únicos assim todos esses sentimentos, poetas, cantores e intérpretes não criariam músicas mil que falam das mesmas coisas e são de tantos casais.

São de tantos casais essa vontade de eternidade, essa vontade de estar perto, essa vontade de fazer rir, de fazer surpresas, essa vontade de fazer tudo ficar tão certinho toda vez... São de tantos casais. Tantos casais no fundo iguais.

Eu não quero estragar o romance de ninguém, não quero dizer que é bobagem, que é besteira, que depois acaba. Eu acredito, tento, que é possível "namorar" pra sempre, manter esse climinha de primeiros meses pelo menos uma vez numa semana de um mês depois de tanto tempo já juntos.

É que eu, sinceramente, só não tenho mais paciência pra isso. O que eu mais gosto, o que mais admiro é esse conhecer cego, é esse saber o que o outro quer na hora certa, é esse saber o que ele está provavelmente pensando sobre aquilo que ocorreu, é ter chance de acerto de 70% sobre o que ele faz e o que ele quer. E isso nos primeiros meses não é possível. E isso é o mais gostoso, isso é o que eu mais quero. Mais ainda tenho que passar, de novo, pelos primeiros meses, até chegar nesse ponto. Não aguento. Por favor, se quiser passar por isso comigo seja direto, diga-me com sinceridade o que se passa, o que está com vontade de fazer, eu morro de ansiedade nesses primeiros meses. É horrível.

Neverland start here dreamer | via Tumblr

Eu ainda acredito no amor, só não sei mais se acredito pra mim, só não sei quando ele vai chegar pra mim. Desiludi, tirei os pés da lua, enxerguei os erros, convivi com os indecentes, aprendi as jogadas, aprendi as cantadas, ficou tudo descoberto pra mim. E agora, é preciso que seja totalmente enigmático, que eu não consiga mais ler com facilidade, que eu não consiga confabular comigo mesma, preciso, assim como a Terezinha de Chico, que ele chegue e pronto. Seja romântico, mas seja todo o resto também. Eu tô meio "homem", mas ainda quero amar.

Não, não tem ninguém na minha mira e acho que não estou na mira de ninguém também, é só um texto falando sem um propósito concreto.

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água....
(Gota D'água - Chico Buarque)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Eu gostaria que você não gostasse.


Skyward Dreams

Às vezes eu ainda paro e penso: "podia ser de outro jeito" ou "podia ser como era antes". Podia ser tanta coisa, sabe? Hoje mesmo podia não ser do que jeito que eu quero, do jeito que está. Eu gostaria muito que você não gostasse de mim. Quando alguém gosta de você, gostar com ar de amor, ar de eros, você, de certa forma, se sente responsável por isso. Eu sei que não sou, mas eu me sinto. O saber e o sentir são distâncias grandes separadas por uma linha muito tênue, muito fina, que a qualquer momento pode se partir...

Eu queria que você não perguntasse por mim. Eu queria que você pudesse não ficar postando carinhas tristes, eu queria não ter que ficar sabendo de tudo, porque fica parecendo que eu sou uma grande vilã, porque, por eu estar conseguindo levar tudo adiante, sozinha e bem, parece que minha felicidade é à custa da tristeza de alguém. Eu gostaria muito que você guardasse suas mágoas a meu respeito só pra você, assim como eu tento guardar ainda o carinho que sinto por ti, mas que não é nada além disso: carinho.

Não precisa lembrar da música do AC/DC que eu gostava, nem da flor que eu mais gosto, nem do meu sinal preferido, nem dos nomes que eu escolhi pros meus filhos, nem do jeito que gosto de roupa, nem das fotos que eu tirei, nem das cartas que eu te dei. Não precisa, não adianta mais lembrar de tudo isso. Não adianta, não foi no tempo certo. No tempo certo tinha morrido, no tempo certo não teve valor. Agora não me prende mais, não me encanta mais, mas me preocupa. Vá viver e, por favor, acho que um dia posso até me arrepender: não goste de mim.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mal me quer.

Ser a segunda opção
Eu sei bem.
Eu sei bem, meu bem, como é
Eu sei bem, meu bem mal me quer.

Eu sei bem como é cansar,
Eu sei bem como é esperar,
Eu sei bem  como é não sentir
Que ali tem um amor pra si.

Eu sei bem como é pedir,
Eu sei bem como é testar,
                                                           tentar, esquentar, atentar...
Eu sei bem como é só ouvir
Eu sei bem como é só escutar.

Meu bem mal me quer, mal quer o bem que eu quero dar.
Meu bem mal me quer, mal quis o meu jeito de amar.
Queira ou não, agora, meu bem, de tanto bem já cansou o meu coração,
Tem muito aqui, mas daqui você não tem mais não.


Facebook




Steffi de Castro.


sábado, 6 de julho de 2013

Teresinha - Chico Buarque

Flowers | via Tumblr




Teresinha
Chico Buarque

O primeiro me chegou
Como quem vem do florista:
Trouxe um bicho de pelúcia,
Trouxe um broche de ametista.
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha.
Me mostrou o seu relógio;
Me chamava de rainha.

Me encontrou tão desarmada,
Que tocou meu coração,
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse "não".

O segundo me chegou
Como quem chega do bar:
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar.
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida.
Vasculhou minha gaveta;
Me chamava de perdida.

Me encontrou tão desarmada,
Que arranhou meu coração,
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse "não".

O terceiro me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher.

Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração.

Quem sorri chorando

Sorrir chorando é tarefa árdua, é de poucas pessoas.
Sorri chorando quem muito já chorou e teve que sozinho levantar.
Quem muito tem o que falar e não tem quem ouvir,
Quem muito tem pensado e passado,
Quem tem passado e presente assim tão juntos, mas tão desunidos.

Sorrir chorando é tarefa natural, não inata. É de poucas pessoas.
Sorri chorando naturalmente quem depois de ouvir o que já sabia,
depois de sentir o que já previa,
depois de falar o que não devia,
Cai, levanta, e precisa sorrir, pra acudir pra outra pessoa.

Sorri chorando quem sabe que não faz o que é certo,
Que adora o errado,
Que tem "chama" pro incerto,
Que tem pé no inacabado, aí chora.
Chora por isso.
E chorando sorri, chora sorrindo, porque precisa viver, precisa viver, precisa viver.

Sorri porque, mesmo assim, precisa crer, precisa entender, precisa ajudar,
precisa ouvir, precisa demais, precisa de uma precisão sem fim.
Precisa sorrir, enfim.
Mesmo que a lágrima esteja no rosto e o amargo na garganta
Mesmo que nada disso faça tanto sentido assim, precisa, por isso,
Sorrir e chorar, que é pra não perder o doce das alegrias
nem o fel das fortalezas.
Que é pra não desaprender a admirar um choro sincero,
Um pranto necessário,
Um grito de dor,
Mas também não se perder em sorriso qualquer,
Valorizar o que é sincero, o que é direto, o que não tem motivo também.

Sorri chorando, chora sorrindo, chorir, sorrar, surrando essa dor rindo de mim aqui, eu choro assim, rindo
que é pra nem você perceber.

Steffi de Castro



"Ah, que bobagem o amor! A maldade já passou."
(Phill Veras)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Sobre o que eu falei :)

Uma conversa que tive com um amigo depois de tentar explicar pruma turma o que eu pensava e talvez o que faz com que eu seja assim, meio estranha e depósito dos "outros", não de mim. =P

Para contextualizar: isso foi depois de uma dinâmica de grupo , um jogo, onde eu fui colocada, por livre e espontânea vontade, no meio de uma roda. As pessoas tinham que dizer meus defeitos e coisas que porventura poderiam me ofender. Obviamente, quem me conhecia tinha mais "armas". O objetivo, que era, no mínimo me fazer chorar ou me comover, ou gerar um incômodo e me preparar pras críticas do mundo, não aconteceu. Não porque sou muito "forte" [talvez], mas porque nada que tinham dito era inédito pra mim, eu já tinha pensado e penso sempre nas mesmas coisas, logo, elas não me magoam mais tanto, coisas como "você fala demais!", "você é artificial", "você não tem amizades verdadeiras", "já parou pra pensar que tu nunca para num grupinho?", enfim, coisas que eu já pensei bastante e por vezes ainda me aparecem, mas que, naquele momento, não mexeram comigo, nem me alteraram tanto. Parece é que o que EU falei mexeu mais nos outros do que o que os outros falaram pra mim, algumas pessoas ficaram até  o fim pra ouvir o que eu falava com o professor-terapeuta e outras me questionaram depois no ponto do ônibus e outras me falaram no face :P Santo Face!
Alterei os nomes que foram citados para nomes de animaizinhos [inspirada pelo Google Doc's hehe]

Pra quem quiser saber afinal de contas o que eu falei há uns três textos que escrevi recentemente que expressam isso...



21:04
Tatu Anônimo
steffi, espero ñ ter falado nada que tenha te magoado de verdade, mas pra mim foi oportuno a situação, sou seu amigo há tempos e me sentia excluido da sua vida
21:05
Steffi de Castro
ow, Tatu  Desculpa. E não falou nada que me magoou não. Só fiquei me perguntando, risos, realmente a minha alegria te sufoca? hehe
21:05
Tatu Anônimo
kkkk
claro q não
XDD
te adoro pq vc é assim
é o que mais gosto em ti
essa coisa de ficar rindo por besteira, por coisa simples
21:07
Steffi de Castro
mas, assim, sobre eu não compartilhar da minhas coisas... sei lá, não é porque eu não quero que ninguém saiba, eu me acho até bem aberta... mas eu fico com a impressão de que eu vou causar sofrimento, ou que eu vou ter que sujeitar as pessoas a algo que elas não precisam, ou inclusive, estragá-las mesmo, prefiro dar de mim o que eu tenho de melhor, a minha alegria, mesmo que eu não esteja tão alegre, não é que eu não confie em vocês, mas é porque eu me preocupo e quero proteger, além de que eu fico com receio de não ser compreendida também rs por isso escrevo, acho melhor rs muita coisa que me falaram ali poderiam ter me feito chorar sim, mas não fizeram porque todas eu já tinha pensado. claro que eu já me questionei do porquê que eu nunca tenho um "grupinho" fixo, isso nem sempre é bom, por exemplo, quando eu vejo claramente as preferências na hora de dividir um grupo, sabe? Mas eu não resumo meu sofrimento a isso, isso é bobo.
21:08
Tatu Anônimo
entendo
21:09
Steffi de Castro
quando Orangotango Verde falou do "combate crônico", pois é, eu já me esforcei pra me mantar num grupo, e não consigo, não é da minha natureza.
21:09
Tatu Anônimo
mas saiba q eu quero te ajudar com teus sofrimentos sim, ficar triste junto contigo, pq vc sabe, né? desgraça adora companhia XD
21:09
Steffi de Castro
eu já tentei falar menos, e não consigo, não é da minha natureza rs
kkkkkkkkkkkk
21:09
Tatu Anônimo
kkk
21:10
Steffi de Castro
eu sei que posso contar com as pessoas, mas sei lá, acho que as pessoas me ajudam mais me livrando de pensar nessas coisas do que me ouvindo falando, porque aí sou obrigada a pensar nelas. E quando falo pra alguém
que não é pra todo mundo, pode apostar Tatu, é porque eu já pensei demais.
21:10
Tatu Anônimo
eu só não gosto qndo tu fala muito na sala, pq parece q não dá pra outras pessoas falarem tbm, mas em outras situações eu gosto de te escutar
eu sei
21:11
Steffi de Castro
é, mas quando eu quero falar menos é justamente nesses momentos...
porque eu sei que tô incomodando.
21:11
Tatu Anônimo
ok então
não tá não!!
XD
aceito se vc disser que prefere não pensar nisso
mas não que vc tem medo de me preocupar ou deixar triste com seus problemas
isso não existe
me reservo no direito de me emocionar por vc u_ú
21:12
Tatu Anônimo
[emoticon]
ADOREI OS NOVOS EMOTICONS DO FACEBOOK
XD
21:16
Steffi de Castro
shuahsuahsus
ah sei lá, Tatu... eu me preocupo tanto, quando alguém próximo meu sofre eu fico muito preocupada
às vezes nem consido demonstrar, mas me preocupo
eu não quero que ninguém se preocupe comigo
nem que fique triste por mim...
21:18
Tatu Anônimo
poxa, mas eu acho q isso é parte de ser amigo, deixar outra pessoa se preocupar com vc, de saber q outra pessoa gosta tanto de vc q está triste por vc está triste, entende?
é um situação arriscada pra vc
entendo como é
vc tem medo de cair pra trás e a outra pessoa não segurar
vc prefere se segurar em alguma coisa do lado, se equilibrar sozinha
21:20
Steffi de Castro
não é medo que ela não me segure, eu não quero forcá-la a me segurar. ela não precisa passar por isso.
eu quero protegê-la e resguardá-la de não ter que passar por isso.
eu sei que se eu contasse mais do que comumente conto, as pessoas poderiam me entender e sofrer comigo, mas eu não quero que ninguém se preocupe, nem sofra.
21:22
Tatu Anônimo
eu acho q isso é uma hipostasia XDD
sei q vc se preocupa
não tô negando isso
mas acho q vc tá se escondendo atrás disso por ter medo de se expor
saindo do existencialismo
e entrando pro cptm
onde vc foi punida pra achar isso?
XD
21:23
Steffi de Castro
não, não é medo de me expor, Tatu, acho que eu mais que ninguém sou a que mais me exponho!
21:24
Tatu Anônimo
eu me lembro que uma vez eu assiti um desenho
nele um menino se declara pra garota, mas ela não responde, e isso por um longooo tempo
uma hora essa menina desiste de dizer q tbm tá apaixonada por ele pq tem medo que ele não sinta mais o msm como antes, achando q ela não merecia ele, que amou ela ha tempos e não teve resposta mas aí a irmã dela fala que na verdade ela não tava se preocupando com o menino mas sim com ela msm, medo de se magoar se ele disser q não
21:28
Steffi de Castro
ok.
já?
21:28
Tatu Anônimo
e que quando se ama/gosta de alguém é necessario se arriscar a sofrer pra não ferir o outro com essa recusa
agora sim
xD
21:28
Steffi de Castro
ah, tá hehehe
21:29
Tatu Anônimo
não sei se vc entendeu, eu só me lembrei do caso no momento
msm q não seja sobre romance
21:29
Steffi de Castro
não tô te pressionando não, é que o facebook messenger às vezes fica como "digitando", mas a pessoa não tá mais digitando, aí eu fico esperando quando ela já terminou, aí a pessoa pensa que eu não quero responder, porque pra ela aparece que eu visualizei hehe
enfiiim
hehehe
21:29
Tatu Anônimo
XD
21:29
Steffi de Castro
comparando a mim, seria então caso o outro não me entendesse ou dissesse que o que eu tô sentindo besteira?
21:30
Tatu Anônimo
?
21:31
Steffi de Castro
tipo
21:31
Tatu Anônimo
steffi, um amigo nk vai dizer q teus problemas são besteiras '-'
eu tenho tanto problema imbecil
de me sentir ingnorado por pouca coisa
me achar um lixo por me sentir assim
mas quando eu conto pra ti, por exemplo
eu sei q tu entende
msm sendo pequeno, msm sendo algo q eu tenho ciência q não significa nada na verdade
21:35
Steffi de Castro
Tatu, tenho medo do que eu vou te dizer agora não soe como soa pra mim... Mas se eu contasse um problema pra ti e alguém não se importasse ou dissesse ou não que é besteira, pra mim tanto faz, não é nem uma coisa nem outra que vai definir o outro como meu amigo ou não. E isso porque essas coisas já tão bem resolvidas pra mim, o que eu quero dizer: eu tenho um problema, eu acho que tal coisa é um problema, se alguém dissesse que é besteira ou não, eu não me importaria, porque pra mim é um problema. Eu sempre te entendo porque eu acredito mesmo que pra ti seja um problema, porque eu levo em consideração o fato de que pra pessoa aquilo é um problema. O meu tratamento contigo não é diferenciado, não é porque eu te amo e te considero de verdade meu amigo que eu entendo teu problema. Outras pessoas podem ser assim, eu não, acho que é por isso que as pessoas se sentem à vontade de pra me contar, porque eu dou o tamanho de importância que essa pessoa dá.
Outra coisa, percebe como parece que o problema é que "as pessoas não se sentem minhas amigas" porque eu "não conto mais de mim"? Isso não soa estranho? A mim sim. Isso é um desejo humano: quero me sentir importante na vida do outro. Quero fazer parte da vida do outro, quero que o outro sinta que estou aqui, quero que o outro me chame e confie em mim.
no fim, está tudo mais relacionado ao que "você" quer do que realmente ao que o outro realmente está se sentindo, e a gente não percebe isso.
a gente acha que tá se preocupando com o outro, mas a preocupação é nossa.
é isso que eu não quero mais, nem acho saudável. eu não vou exigir reciprocidade de ninguém, entende? porque reciprocidade não diz respeito ao que o outro de fato está sentindo, mas ao que EU quero que ele sinta por MIM.
21:38
Tatu Anônimo
entendo
21:38
Steffi de Castro
Isso é, de certa forma, um egoísmo, um egocentrismo. Isso não significa que eu não me preocupo com o outro, quando eu me proponho a agir dessa maneira, aí mesmo que eu dou mais valor pro que o outro pensa
porque eu deixo de pensar mais em mim. sobre eu não me abrir, é porque eu quero poupar o outro disso, eu não quero que seja um "troca"de favores.
e isso liberta! porque você exige menos do outro e passa a vê-lo com seus defeitos e qualidades, compreendendo-o mais, sendo mais misericordioso inclusive quando ele faz algo que te magoe.
21:42
Tatu Anônimo
ok então, entendo seu ponto de vista
acho que o que deixa todos nós preocupados com essa sua forma de ser pq é natural do ser humano isso
da reciprocidade, esta do msm jeito que falas
pq nossa necessidade do outro acho q ultrapassa o cultural
mas talvez seja só cultural
não tenho certeza
a verdade é que vc sublimou o assunto
XD
já dá uma boa tese hein! XDD
;D
21:46
Steffi de Castro
kkkkk
vou pensar
mas sabe o que eu percebi, Tatu, primeiro, eu não fui sempre assim... eu já gritei pra me sentir "importante", e isso causa mais sofrimento do que qualquer outra coisa...
então, foi a minha maneira de enfrentar isso. e perceber que era uma carência minha que nunca ia ser preenchida por ninguém. então hoje, eu procuro viver os relacionamentos sem esperar tanto, mas claro, às vezes é difícil.
21:48
Tatu Anônimo
sim...
21:50
Steffi de Castro
e fico com medo tbm de no fim, não ter uma "base" pra me voltar, mas aí eu retomo ao mesmo lugar: isso é uma coisa ruim, isso de querer ter uma base nos outros, isso diz respeito aos meus desejos e não ao que o outro pode, de fato, me oferecer.
e, assim, eu descobri que eu vivo mais intensamente tudo o que podem me proporcionar: os momentos ruins e os momentos alegres :)
21:57
Tatu Anônimo
^^ vc é tão inteligente
XDD
te adoro steffi
e quando vc achar q tenha q voltar, ou mudar, ou não, tbm vale, né? eu estou sempre aqui
^^
pros momentos alegres sempre
e pros ruins quando vc quiser

21:59
Steffi de Castro
oooooooooooooow, eu sei Tatu *.*
eu sempre soube. 

E no final, o que eu quero mesmo é isso:
"mais de Ti, menos de mim.", porque eu aceitei o "negue-se a si mesmo".
Mesmo que pra isso eu tenha que abrir mão do meu ego, abrir mão de ser a preferência na escolha dos grupos hehehehe, e abrir mão de não ser importante na vida de alguém também =)
Já que o texto é sobre mim, eu pensei em colocar uma foto minha, mas não gosto de autopromoção nem marketing pessoal rs O cabelo dessa menina parece o meu. Pronto.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Linda é a sua mãe.





Depois de desde cedo ver minha família e muitos amigos homens classificando as mulheres em lindassimpáticas e/ou gostosas, com certa dose de resignação cheguei à conclusão de que estou no grupo das simpáticas (aquelas que não são lindas, mas arrumadas ficam até apresentáveis), e desde então passei a ver o mundo em tons mais machistas, perdão.

Eu não chamo de linda quem linda não me parece. E quando falo "linda", é "linda" mesmo. Beleza estética. Pra definir "beleza interior" eu uso outras coisas: inteligente, engraçada, tranquila, risonha, alegre, zangada, determinada...

Acho uma sacanagem virem me chamar de linda quando chamam de linda também a Grazi Massafera ou a vizinha inalcançável! Acho uma palhaçada também virem brincar com minha insegurança e baixa autoestima me chamando de linda quando na verdade querem me chamar de legal, engraçada ou inteligentinha.

Ow, não vou dizer que tô bem resolvida com isso, não estou. Mas não precisa me chamar de linda, sério. Isso me irrita, isso me zoa ironia, sarcasmo, palhaçada com minha cara e não me sinto elogiada. Não tenho problema nenhum em conquistar na lábia e não no peito, e não com o sorriso, e não com pernas. Acho a luta até mais digna, acho até que se não me chamarem de linda minha neura é menor, porque aí já fico sabendo que não é por isso que tá procurando conversa e isso me alivia, não me transtorna.

Todo mundo tem o direito de achar alguém bonito ou feio, normal. Isso existe. Eu fico p. da vida é com essa história de que "ah, você é linda por dentro!". Ah, vai tomar...! Diz tudo, tudo menos isso. Por favor. Diz que sou companheira, boa amiga, engraçada, louca, briguenta, sei lá, o que lhe convém, menos linda, menos bonita, porque eu me conheço, eu sou largadona, eu não sou menininha, eu não sou uma barbie, eu não sou modelo.